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Empresário justifica doações a Dilma por temer represálias

O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, preso desde novembro de 2014 e hoje em regime domiciliar, informou aos procuradores da Operação Lava Jato que doou R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff por receio de ter seus negócios na Petrobras prejudicados caso não ajudasse o PT. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Pessoa contou ter tratado da contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, a pedido do ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari neto, tido como o principal operador do partido no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.

As doações à campanha de Dilma, entretanto, foram feitas dentro da lei. Os registro do Tribunal Superior Eleitoral mostram que foram realizadas três contribuições: duas em agosto e uma em outubro de 2014.

O mesmo não pode ser dito das contribuições feitas por Pessoa à campanha do ex-presidente Lula à reeleição, em 2006, e a do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em 2012. De acordo com o periódico, o empreiteiro afirmou ter dado R$ 2,4 milhões à campanha de Lula, via caixa dois. Um fornecedor de um consórcio formado pela UTC com as empresas Queiroz Galvão e Iesa teria trazido do exterior o dinheiro, entregue em espécie no comitê pestista.

Também a pedido de Vaccari, Pessoa teria pagado R$ 2,4 milhões para quitar a dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. Nesse caso, o doleiro Alberto Youssef, também investigado pela Lava Jato, teria tornado o pagamento possível. Os milhões doados a Haddad teriam sido retirados de um conta corrente que Pessoa, supostamente, mantinha com Vaccari para controlar o pagamento de propinas a Petrobras.

O ex-ministro da Casa Civil também está na mira de Pessoa. Segundo reportagem da Folha, ele teria pagado R$ 3,1 milhões à empresa de consultoria de Dirceu entre 2012 e 2014 e prospectado negócios no Peru, mas a maior parte dos repasses teria sido feita após a prisão do ex-ministro, para atender a um pedido de ajuda financeira da sua família.

Contactados pela Folha, o PT rejeitou as acusações de Ricardo Pessoa e garantiu que todas as doações feitas à campanha de Dilma em 2014 foram feitas legalmente. A assessoria do ministro Edinho Silva informou que a nota emitida pelo PT deveria ser considerada sua resposta às alegações do empresário.

A Presidência da República e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comentaram o assunto.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que as doações à sua campanha foram feitas de acordo com a lei, e que as dívidas foram absorvidas e quitadas posteriormente pelo PT.

O advogado de João Vaccari Neto, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse que ele só captou doações legais para o partido e não participou do esquema de corrupção descoberto na Petrobras.

O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, informou que seu contrato de consultoria com a UTC tinha como objetivo prospectar negócios no Peru, sem qualquer relação com a Petrobras.

Fonte: Terra

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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