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Empresa vai transformar ar da Amazônia em ‘água gourmet’

Até o fim do ano, a Europa deverá consumir água gourmet "made in Amazônia". É o que promete um grupo de empresários que, a partir de junho, prevê iniciar no município de Barcelos – a 399 km de Manaus – a produção de água obtida a partir da umidade do ar da região. Com PH neutro, o produto deve ser comercializado na Europa e, num segundo momento, em diferentes partes do mundo. O investimento inicial é de R$ 30 milhões.

O G1 conversou com dois dos quatro empresários responsáveis pela Amazon Air Water – como é conhecido o produto. Amazonense, o presidente da empresa disse que a região foi escolhida não só pelo alto potencial sustentável, mas também pelo resultado de uma pesquisa. "Esse estudo apontou que o ar da Amazônia é o mais puro do planeta, que remete à época da criação da Terra. Outro fator importante é a alta umidade da região", destacou o empresário James Júnior.

Os planos são ambiciosos. Com um investimento de R$ 30 milhões, os empresários esperam estar entre as 20 maiores exportadoras do Amazonas até o fim do ano e, em 2016, entre as cinco mais.

O Polo Industrial de Manaus (PIM) também está no planos do grupo. "Pretendemos implantar uma fábrica na Zona Franca de Manaus com as máquinas que produzem essa água, mas essa é uma pretensão em segundo plano, depois que nos estabelecermos na Europa", disse James, acrescentando que a expectativa é que esse projeto entre em prática em 2018.

Em março, o grupo lança as primeiras amostras grátis do produto. Três meses depois, em junho, a água começa a ser produzida em uma fábrica de Barcelos.  A comercialização deve ter início em outubro; os primeiros destinos serão 20 cidades de países como Alemanha, Austria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Itália, Luxemburgo, Mônaco, Portugal, Suíça e Inglaterra.

Outro projeto dos empresários é a fabricação e venda de produtoras móveis de água a partir do ar. Com o formato de um bebedouro, a estrutura tem a mesma tecnologia usada na produção da água gourmet vendida pelo quarteto. A produtora de uso doméstico tem capacidade de produção de 30 litros diários e proporcionará ao proprietário a chance de transformar umidade do ar de qualquer parte do mundo em água pronta para consumo. O aparelho ainda é importado da China, mas o grupo também tem planos de instalar uma fábrica especializada no PIM.

Produção
A Amazon Air Water será produzida a partir da tecnologia AWG (sigla para 'Atmosferic Water Generator', em português 'Gerador de Água Atmosférica'). Esse processo transforma ar em água a partir da umidade – uma das características da região amazônica. A tecnologia é a mesma usada para purificar água do esgoto e do mar, segundo o presidente do conselho da companhia, Cal Jr. "[A máquina] É uma hélice que atrai o ar, bate em uma serpentina congelada, pinga [ar condensado] e cai em um reservatório. A água é bombardeada por infravermelho e passa por sete filtros, sendo que o último a remineraliza", explicou o empresário.

Outro componente do produto, a tampa da garrafa também tem atenção especial da empresa. Desenvolvida e patenteada pelo grupo, ela é denominada "biotampa". "É outra inovação nossa. A 'biotampa' é feita a partir de amido de milho. Ela se decompõe em torno de 150 dias, e não causa danos ao meio ambiente. A nossa garrafa é de vidro, infinitamente reciclavel", acrescentou James.

Buscando a mentalidade de uma empresa sustentável, o grupo afirma que a produção não causará danos ao meio ambiente.  "A nossa água tem PH equilibrado, ótima para o consumo humano. Não há resíduos. Além disso, nós vamos usar energia solar. É um projeto altamente sustentável", continuou o empresário.

No momento, a empresa está na fase final de elaboração para apresentação das licenças ambientais junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Venda
A previsão da produção inicial da Amazon Air Water é de 6 milhões de garrafas por ano. "No segundo ano de produção, vamos dobrar para 12 milhões de garrafas e entrar no mercado americano. Em 2022, expandimos para todo o mundo. Qualquer pessoa vai poder comprar uma caixa de água nossa, mesmo que seja via internet", comentou o presidente do conselho da empresa.

Nós entregaremos a água para os pontos de venda em caixas com 12 unidades. A sugestão de preço final para a caixa é de 75 euros, ou seja, 6,5 euros por garrafa. Ocorre que em cada caixa há 6 garrafas de 750 ml e 6 garrafas de 250 ml. Para vendê-las por unidade, o ponto de venda terá de recalcular o valor de cada uma, até chegar aos 75 euros totais. Isso se quiser aceitar a sugestão de preço final que nós estamos dando a ele. Parece confuso, mas é assim mesmo. Para facilitar, você pode falar em preço médio de 6,5 euros.

A água será vendida em garrafas de vidro de 250 ml e 750 ml. O preço individual, segundo os empresários, é de 6,50 euros – que equivale a cerca de R$ 21 na cotação atual da moeda europeia. Contudo, os empresários só venderão caixas com 12 unidades – o preço sugerido é de 75 euros, ou R$ 239.
Aos consumidores brasileiros que quiserem comprar o produto, Cal explica que a água estará disponível em São Paulo, já que a cidade será a única com um empreendimento específico para a venda de águas "gourmet". "Ano que vem vamos inaugurar em São Paulo uma loja que vai vender águas finas – não só a nossa, como de outras marcas estrangeiras. Vai ser uma maison para o mercado de luxo com café feito a partir da água do ar da Amazônia", contou Cal Jr.

Município
Segundo os empresários, o município de Barcelos deve ser o maior beneficiado com o sucesso do produto. Será criado um fundo de investimento com R$ 1 de cada garrafa vendida. Além disso, a cidade terá a distribuição de 15 mil litros mensais da água, em galões. Ao G1, a empresa informou que o modelo ideal ainda será debatido com a Prefeitura de Barcelos. A água fornecida será apenas para consumo humano, e não para higiene pessoal ou doméstica, irrigação ou consumo animal, disseram os empresários.

"Vamos investir no município com atividades para criança, jovens, adultos e terceira idade, desde aulas de esporte à educação em si. A criança carente é o nosso foco inicial. 25% do nosso lucro será destinado a Barcelos", revelou James. "Não é só vender água, é mais que isso. É você ir a Barcelos no futuro e ter um resort em um nível ainda não existente na região, é conhecer a produção da água do ar… Não vendemos só uma garrafa. É um estilo de vida", concluiu o amazonense.

O G1 não conseguiu contato com o prefeito de Barcelos, José Ribamar Beleza. A assessoria dele informou que o prefeito está viajando e somente José Ribamar e um secretário que está com ele podem falar sobre o assunto.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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