O embate entre o governador do estado, Mauro Mendes (DEM), e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), está cada vez mais longe de ter um fim. Quem achava que após a eleição haveria uma trégua, errou. Desta vez é a mudança do VLT para BRT que está causando o maior bate-boca entre os políticos. Diante da resistência de Pinheiro em aceitar o projeto do governo, Mendes disse que poderia destinar o dinheiro a ser investido na capital para outros municípios. Emanuel afirmou que tal possibilidade é impossível de ser realizada.
Em entrevista remota concedida ao site Mídia News, o governador disse que se o prefeito não aceitasse a troca, ele pegaria os R$ 400 milhões, que é dinheiro para investimento na mobilidade urbana da região metropolitana, e dividiria em investimento para as 141 cidades de Mato Grosso.
“Se o prefeito formalmente escrever uma carta e dizer que não quer o BRT – o VLT não vai ter -, não tem problema. Ele assume esse ônus e eu pego os R$ 400 milhões e envio para os 140 municípios. Vamos fazer esse investimento em outro lugar”, disse o governador.
Emanuel Pinheiro reagiu rápido. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (20), no Centro de Vacinação de Cuiabá, no espaço do Centro de Eventos do Pantanal, o prefeito disse que Mendes não pode fazer isso, tendo em vista que se o valor não for utilizado em Cuiabá e Várzea Grande para mobilidade urbana, o montante precisa devolvido ao Governo Federal.
“O governador ontem disse que se eu não optasse pelo VLT ele pegaria os 400 milhões e dividiria entre os municípios. Não pode, é do Pró-Transportes, é exclusivo para mobilidade urbana da baixada cuiabana, decidido lá na época da Copa. Se não vingar o projeto, esse dinheiro precisa ser devolvido para o Governo Federal. Até porque ele é da Caixa, então eu não sei porque o governador fica utilizando o expediente para jogar a população contra o gestor de Cuiabá”, respondeu Emanuel.
Na época que os R$ 400 milhões foram colocados nos cofres do Estado para serem injetados em obras da capital e VG, Emanuel Pinheiro era deputado estadual. Desde aquela época, ele já defendia a construção dos trilhos para o Veiculo Leve sobre Trilhos (VLT).
Emanuel frisa que o investimento feito pelo Governo Federal é para mobilidade e não para ser fatiado entre os municípios. “O recurso só pode ter uma utilização: obras de mobilidade urbana do programa Pró-Transportes financiado pelo Governo Federal, exclusivamente para o VLT. Não pode fazer ponte, não pode comprar ônibus para andar de Jangada a Acorizal. Com dinheiro próprio ele [Mauro Mendes] pode utilizar onde quiser. Mas dinheiro da Copa não pode”, concluiu o prefeito.
Desaforo
Ainda na coletiva, o prefeito mostrou ser irredutível quando o assunto é discutir o modal com o governador Mauro Mendes. Pinheiro disse aos jornalistas que não irá conversar “sobre algo que já foi decidido”.
“Até agora não teve nenhuma disposição de diálogo e vieram me chamar depois que está decidido para dizer que Emanuel não quer conversas. Preciso que vocês entendam. Não é que não quero dialogar, mas é um desaforo com Cuiabá”, asseverou o prefeito.
Haverá uma reunião técnica para tratar sobre a implantação do BRT na sexta-feira (22), no Palácio Paiaguás. Emanuel disse que não irá, mas avalia a possibilidade de seu vice, José Roberto Stopa (PV), estar presente.
“Nunca fomos procurados, estamos esperando há tanto tempo para esperar dois anos de mandato e ser anunciado desta forma. Mas, nessa reunião o Stopa vai. Não tenha dúvidas de que o que ele [Stopa] falar, vai ser honrado. Isso não tem qualquer problema”.