O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, no fim da tarde de domingo (20), erros à frente do governo. Usando a expressão "talvez" e falando no plural, o petista, no entanto, dividiu a responsabilidade com a sucessora Dilma Rousseff.
"Sei que não fizemos tudo, talvez tenhamos cometido erros. Se a companheira Dilma estivesse aqui, com certeza iria reconhecer que teve erros", afirmou, durante sua passagem por estância Estância (SE). A cidade é uma das paradas de sua caravana pelo Nordeste, região pela qual o ex-presidente viaja desde a semana passada.
Dois dias antes, Lula criticou a ex-presidente, queixando-se até da resistência dela em convidar o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para integrar seu governo.
Ao falar dos processos a que responde, Lula disse, sobre um palanque, que a elite não o perdoava por ter levado filé à mesa do pobre.
"Eu resolvi andar porque vocês sabem o que estão tentando fazer comigo. Tenham certeza que o problema não é o Lula. O problema são vocês", disse ele, listando ações de seu governo.
"Eles não nos perdoam. Eles não me perdoam porque os pobres começaram a viajar a São Paulo de avião", afirmou.
Lula afirmou ainda que o governo quer fazer novas privatizações: "Essa gente quer vender tudo, o Banco do Brasil, a Caixa, a Petrobras, a BR".
CHORO
O ex-presidente chorou ao lamentar a morte do ex-governador de Sergipe, Marcelo Déda, e do ex-senador José Eduardo Dutra, ambos petistas, e de sua mulher, Marisa Letícia.
Vaiado ao ser anunciado no palanque, o governador Jackson Barreto (PMDB) também chorou quando Lula agradeceu publicamente por sua lealdade a Dilma.
"Quero te dizer foi um dos poucos de governadores deste país que mostrou ter caráter e não teve medo de apoiar a companheira Dilma. Eu sou agradecido. Na noite em que Dilma estava sendo torturada, nós estávamos no Alvorada e apareceram os cinco governadores do PT e o companheiro Jackson, porque os outros não tiveram coragem de ir", contou o ex-presidente.