Economia

Em Cuiabá, trabalhadores falam como vão usar o FGTS sacado

Com liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) das contas inativas, é estimada a movimentação de R$ 86 milhões do benefício neste primeiro mês em Mato Grosso. Neste dia 10 (sexta-feira) de março, o fundo foi liberado para os trabalhadores nascidos em janeiro e fevereiro.

Os cuiabanos que enfrentaram filas para sacar o benefício nos primeiros dias não titubearam sobre o destino do dinheiro. O operador de máquinas Rafael Antônio da Silva, 30, respondeu rápido quando perguntado o que iria fazer com a grana. “Vou fazer umas compras e pagar as dívidas”, afirmou.

Cristiane Ferreira Gomes, que é vendedora, foi preparada para passar a tarde no banco. “Já avisei meu patrão que só vou sair daqui com o dinheiro não mão. Vou pagar as contas, não é muito, mas já ajuda”, disse.

Mesmo com a dificuldade financeira que a economia tem atravessado no país, também têm trabalhador colocando o dinheiro na poupança. É o caso de Ricardo Gino, 26, educador físico, que diz estar orgulhoso de ter conseguido manter as contas em dia. “Já estou com as contas pagas. Esse dinheiro vou usar pra poupar e ficar tranquilo”..

Já Valdson Alves Santos, 30, está atualmente: desempregado. “Bom, eu tenho contas pra pagar,né, também vai dar pra guardar. Vou poupar a outra parte”, relatou.

Casada e com uma filha a dona de casa Vanderleia Gomes, 40, também deu destino certo pro dinheiro. “Vou fazer compras pra casa”, afirmou.

Em Mato Grosso, a Caixa Econômica deve liberar até julho o valor de R$ 728 milhões aos R$715 mil trabalhadores com conta inativa do fundo. 

Economista diz que momento não é o ideal para poupar

Com esse dinheiro ‘extra’ as possibilidades de utilização são basicamente três: pagar contas, consumir o bem de desejo e poupar. Sobre este assunto o professor de economia da Universidade de Cuiabá (Unic), Emanuel Dalbian, deu algumas sugestões ao Circuito Mato Grosso e classificou os beneficiários do FGTS em dois.

Para os endividados, a melhor opção é pagar as contas. “A inadimplência é um dos fatores que eleva a taxa de juros do crédito. Isso é uma forma de reanimar o mercado”, explicou Dalbian.

E ainda orientou para que pague primeiramente as dívidas com maior taxa de juros e em segundo lugar a dívida com o valor mais alto.

Já para o que não tem dívidas em atraso a dica do economista é reservar para consumir. “O consumo ajuda na nossa economia como todo”, estimulou Dalbian ao classificar a falta de consumo como um círculo vicioso.

“A cada vez que o consumo cai, a produção cai, aumenta o desemprego e se não tem quem consome, cada vez mais aumenta o desemprego”, afirmou.

No entanto fez uma ressalva para que o consumo seja consciente. “Aquele bem durável que estava precisando comprar ou trocar, como o carro, TV, geladeira ou ar-condicionado, este é o momento de usar o benefício”, sugeriu.

Para o economista a movimentação do dinheiro no mercado pode até influenciar na percepção das empresas e até reverter o momento de crise ou mesmo a taxa de desemprego.

“Poupar não é o ideal, a não ser que haja instabilidade de algum membro da família no emprego. Mas para quem não tem esse problema o negócio é consumir”, alertou Dalbian e fez uma ressalva. “Tem que consumir consciente, dentro das possibilidades, usar só os recursos que entra”, concluiu.

Valquiria Castil

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