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Elizabeth Savalla: “Mocinha é muito chata e, normalmente, é burra

Com 60 anos recém-completados, Elizabeth Savalla fala sobre seu novo desafio profissional, a personagem Argentina na novela Alto Astral, e seu modo de vida.

A atriz admite o carinho por papéis fortes. "Mocinha é muito chato e, normalmente, é burra. Todo mundo sabe que ela é uma anta, o público sabe. O vilão faz tudo o que a gente tem vontade de fazer na vida e não faz (risos). Todas as vilãs fazem aquilo que você nunca teria coragem de fazer", diz ela, que já acumula 40 anos na TV Globo.

Mãe dos atores Thiago Picchi e Diogo Picchi e dos gêmeos Tadeu e Ciro Picchi, Elizabeth comemora a chance de voltar a contracenar com Kayky Brito, que já havia interpretado seu filho em Chocolate com Pimenta (2003).

QUEM: Seu trabalho é marcado pelo bom humor. Consegue ser assim no dia a dia?
ELIZABETH SAVALLA: Valorizo as gentilezas cotidianas. Muitas vezes, elas são esquecidas e deixadas de lado, mas ver pequenas atitudes – como dar prioridade a um idoso na fila do banco – me deixam de bom astral.

QUEM: De maneira divertida, Alto Astral aborda o mundo espiritual. Como você se relaciona com o tema?
E.S.: É um assunto que me atrai muito. Acredito que exista um mundo espiritual. A gente não está aqui à toa, só pra pegar trânsito. Vivemos numa imobilidade urbana, com ruas completamente esburacadas e segurança zero. A gente passa por tudo isso e, depois, morre e acaba? Ah, não. Seria uma sacanagem. Todos nós passamos por sufocos e por momentos difíceis na vida para nosso aprimoramento pessoal. Quando a gente acredita em algo maior, facilita a nossa vida. Não tenho nada contra quem não acredita. Eu acredito na gentileza. Sou da igreja messiânica e aprendo com a filosofia japonesa desde 1964. Você viu o que os japoneses fizeram na Copa do Mundo, limpando os estádios? Aquilo foi um pequeno exemplo. Quando a gente vai a um banheiro público, tem de dar descarga para o próximo que chegar poder usar. Dê lugar ao próximo no ônibus, no transporte coletivo. São questões que você aprende em casa. As pessoas estão cada vez mais egoístas e voltadas para si. A internet, que é maravilhosa, fez com que a gente ficasse olhando para o próprio umbigo e acabamos esquecendo que as pessoas mais importantes da nossa vida estão ao nosso lado. Esquecem de conversar porque estão olhando para baixo, no celular. Estamos precisando repensar na vida, nos valores. Esta novela que faço é leve, dá pra dar uma pensada.

QUEM: Você é considerada uma mestra por Kayky Brito. Vocês trabalharam em Chocolate com Pimenta e estão juntos, como mãe e filho, em Alto Astral. Como é o trabalho?
E.S.: É um grande reencontro. Já fui mãe dele em Chocolate com Pimenta. Ele ainda era um menino e virou um homem. O tempo passa para todos (risos). Ele é uma gracinha, uma pessoa doce. Os pais dele são dois amores. Ele é carinhoso, amoroso e muito bom ator. Pela vida, fui conseguindo muitos filhos da ficção.

QUEM: Você veio de um papel marcante em Amor à Vida, que exigia uma caracterização toda especial. Sua atual personagem, a Argentina, é mais prática nesse sentido?
E.S.: Ficava uma hora e meia para me aprontar. Agora, não gasto nada. Cabelo prático, sem maquiagem, roupa básica. Em 15 minutos eu me arrumo. Foi um ganho (risos).

QUEM: Por mais de dez anos, você só fez novelas de Walcyr Carrasco. Estava com vontade de trabalhar com outros autores de novelas?
E.S.: Adoro o Walcyr, a gente tem uma parceria maravilhosa. Ele sempre me presenteou com papéis incríveis. Como ele ficaria um ano sem escrever nada, veio o convite para Alto Astral e rolou um movimento ‘Savalla aceita’. Converso muito com ele, somos amigos. Amo o Walcyr de paixão. É como se fosse uma pessoa da minha família. Fizemos Sítio do Picapau Amarelo, A Padroeira… Fiquei dez anos trabalhando com a equipe do Jorge Fernando. Adoro os continuístas, maquiadores, os câmeras. Me sinto realmente em casa. Tenho 40 anos de TV Globo e dez deles foram com o Jorge Fernando. O que ele pedir, eu faço. Se falarem para eu me jogar no lago, eu me jogo.

QUEM: Tem vontade de voltar a fazer uma vilã?
E.S.: Claro! Adoro fazer vilã. Mocinha é muito chato e, normalmente, burra. Todo mundo sabe que ela é uma anta, o público sabe. O vilão faz tudo o que a gente tem vontade de fazer na vida e não faz (risos). Todas as vilãs fazem aquilo que você nunca teria coragem de fazer.

QUEM: Mãezona na ficção, você também segue essa linha na vida real?
E.S.: Meus meninos já estão crescidos, né? (risos). Mas, como mãe, sempre os verei como meninos. Adoro estar com eles. Tenho um que não seguiu a carreira artística, é normal. Os outros dois escolheram ser atores. Vieram com problema (risos).

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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