Economia

Elevação dos preços de commodities beneficia exportações

Apesar da expressiva alta dos custos de produção, a valorização das commodities – mercadorias primárias com cotação internacional – representa um ânimo para os produtores mato-grossenses e melhora as perspectivas de geração de divisas advindas das exportações no Estado. 

De acordo com o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), calculado mensalmente pelo Banco Central (BC), as elas apresentaram alta de 2,98% em janeiro na comparação com dezembro de 2015. No acumulado de 12 meses, encerrados em janeiro, a elevação registrada foi de 31,82%. O IC-Br é calculado com base na variação em reais dos preços de produtos primários brasileiros negociados no exterior. 

Entre os itens do segmento agropecuário, que inclui produtos como carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café, arroz e carne de porco, a alta foi de 4,05% em janeiro. No caso de metais (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel), o aumento foi de 1,95%. Já as commodities do segmento de energia, para a venda de petróleo, gás natural e carvão, apresentaram queda de 3,85%. 

O BC observa os produtos que são relevantes para a dinâmica dos preços ao consumidor no Brasil. O índice internacional de preços de commodities (CRB), calculado pelo Commodity Research Bureau, registrou alta de 4,25% em janeiro e de 35,25% em 12 meses.

Soja 

Em 2015, mais uma vez a soja foi a commodity agrícola com melhor retorno econômico em Mato Grosso. O ano-safra de 2015 foi marcado pela disparada dos custos de produção, mas ainda assim foi melhor do que 2014 em termos de lucratividade. Os dados são do ‘Projeto Rentabilidade no Meio Rural’, apresentado pelo Imea em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Cautela

Depois de diversos contratempos na última safra, que levaram à perda da produtividade em algumas regiões, os produtores mato-grossenses estão cautelosos, diante do cenário econômico atual. “O produtor tem vivido uma insegurança grande. Saímos de uma safra com redução de produtividade, temos o problema conjuntural da falta de estabilidade econômica no País e não sabemos em que nível vai ficar o dólar, o aumento das commodities, pra que a gente possa estabelecer os custos de produção”, avalia Emerson Zancanaro, vice- presidente da Aprosoja, região norte. 

De acordo com Zancanaro, os custos de produção devem continuar subindo. A projeção é de que somente os insumos da próxima safra fiquem 15% mais caros. “Nossa preocupação é que o dólar esteja razoável na hora do insumo, pelo menos entre R$ 3,80 e R$ 4,00. Mais que isso já fica ruim pra fechar as compras. O produtor tem que colocar na ponta do lápis e ficar de olho no mercado, pra ver o momento certo de comprar”, diz.  

Previsão de colheita

Na última quinta-feira (25), a consultoria Agroconsult elevou a previsão de colheita da soja no País em 2015/16 para 101,6 milhões de toneladas, ante 99,2 milhões da projeção feita em janeiro. Na ocasião, foram indicados dados preliminares referentes à expedição técnica Rally da Safra.

Mesmo com as perdas decorrentes de problemas climáticos, “região chave” de Mato Grosso segue com as melhores produtividades no âmbito nacional. "Na viagem ao médio-norte de Mato Grosso, vimos que há um problema (provocado por problemas climáticos), mas é bem localizado e disperso. Avaliamos que o cenário não era tão ruim quanto pensávamos antes de visitar a região", antecipou o sócio-analista da consultoria, Marcos Rubin.

Segundo ele, as previsões iniciais da consultoria eram bastante conservadoras, mas agora foram elevadas, inclusive porque a colheita no oeste do Estado apresenta melhora nesta temporada. Os dados indicam a confirmação de uma colheita recorde em andamento no Brasil, que é o segundo maior produtor mundial após os Estados Unidos. 

Milho 

Para a safra de milho de verão, a previsão é de 28,5 milhões de toneladas, ante 27,91 milhões da projeção de janeiro. Já para a segunda safra do cereal, que está sendo plantada atualmente, a Agroconsult elevou a previsão para 58,8 milhões de toneladas, ante 57,7 milhões anteriormente.

"Não existe dúvida quanto à área de plantio (da segunda safra de milho). Oitenta por cento das lavouras  estarão dentro do calendário ideal de cultivo. Eliminada essa preocupação, a única que nos resta é até quando vão durar as chuvas. É o que o mercado precisa acompanhar nos próximos meses", completou Rubin.

Exportações

De acordo com declaração recente do governador em exercício, Carlos Fávaro, o Governo não deve implantar a taxação de commodities para exportação em Mato Grosso. O objetivo é estimular a economia mato-grossense, que continua alcançando resultados positivos, mesmo diante da atual crise econômica.   

“Não podemos exportar imposto, temos que ganhar competitividade de outra maneira, sendo eficientes, com boa infraestrutura logística. Pagar imposto todo mundo tem que pagar, agora, exportar imposto é perder competitividade, e Mato Grosso não entra nessa onda”, afirma.

Fávaro ainda destacou o potencial do Estado na produção de soja, de milho, algodão, girassol, peixe de água doce, além de contar com o maior rebanho bovino, fazendo com que a economia mato-grossense continue avançando. Ele também lembrou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de MT em 2015 foi de aproximadamente 3%, o índice nacional caiu cerca de 3%. 

Atualmente, não há cobrança de imposto no Estado sobre as vendas externas de grãos, conforme a Lei Kandir. O governo federal, no entanto, compensa as unidades federativas com o pagamento do Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX). A união deve a Mato Grosso mais de R$ 450 milhões referentes ao ano de 2015.

Thales de Paiva

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