Diz o dicionário que patriota não é somente aquele que ama a pátria, mas sim aquele que busca servi-la. “Não sei se isso que acontece na Copa do Mundo de Futebol é patriotismo. A ideia de patriotismo, acredito, muda com o tempo. Somos mais filhos de um patriotismo cultural do que necessariamente de um patriotismo ligado a fronteiras territoriais”, avalia o professor da Faculdade de Educação Física da UFMT José Tarcísio Grunennvaldt.
Não que ele critique o movimento nacionalista existente durante o maior evento esportivo mundial. No entanto, o professor defende a tese de que, dependendo do momento histórico, as pessoas podem configuram diferentes formas de exercerem seu patriotismo. “Seja se envolvendo com os outros, consigo mesmo ou com tudo aquilo que está no seu entorno”, avalia.
Grunennvaldt explica, ainda, que o patriotismo às vezes é exercitado numa contestação, tal qual ocorreu nas manifestações de julho do ano passado e que, ainda que timidamente, se estendem ainda hoje pelo país. Na avaliação do professor, “talvez este seja o maior legado que a Copa já tenha deixado ao Brasil: as pessoas terem tido esse ‘acordamento’. O povo foi às ruas mostrar sua indignação e eu faço uma leitura positiva dessa contestação”, diz.
Ainda assim, o professor observa que a forma como o brasileiro se relaciona com o futebol é muito diferente de outros lugares. “No Brasil, o futebol seria talvez a realização primeira do povo. O futebol de certo modo representa a brasilidade” e para Grunennvaldt talvez esteja aí a ‘chave’ do ‘patriotismo de chuteiras’.
Verde, Amarelo, Azul e Branco
Conceitos e críticas à parte, os próximos dias serão, com certeza, mais verde-amarelos. “Acredito que as pessoas ficaram um pouco mais desanimadas aqui na cidade ao verem que muito daquilo que foi prometido infelizmente não foi cumprido. Mas, mesmo assim, quando chega o momento da Copa é difícil torcer contra o Brasil. É a tal história: a gente pode até falar mal, mas não gostamos quando uma pessoa de fora critica o Brasil”, comenta a assistente social Wislene Lima.
Assim como em muitas residências e comércios, ela já enfeitou a casa com o ‘Brasil’ e a família já veste a camisa da seleção. “Eu vejo que as coisas estão mudando, as pessoas estão se preocupando mais com o país e os exemplos estão aí: as manifestações. Espero que o Brasil saia vitorioso nesta Copa, dentro e fora de campo”, completa ela ao garantir que a família já está ‘com o time em campo’.