Neste final de semana, Cuiabá se tornou palco para atrações internacionais e grandes nomes da música brasileira. Em sua primeira edição, o Rock Arena trouxe Pitty, Raimundos, The Calling e a nova sensação do pop nacional IZA, dona dos hits “Pesadão” e “Ginga”, que realizou seu show ontem (19). A apresentação faz parte de sua primeira turnê “Dona de Mim”.
Com músicas poderosas, coreografias, muitas luzes, telão e fumaça, a cantora de “Esse Brilho é Meu” trouxe um show impossível de não entrar na roda e gingar com seu som. Mesmo ainda mancando após o tombo na última sexta em São João do Meriti (RJ), que resultou na torção de seu joelho, IZA não escondeu o rebolado, com certas limitações, e encantou o público cuiabano com seu vozeirão e carisma.
Antes de subir ao palco pela primeira vez na capital mato-grossense, IZA concedeu gentilmente uma entrevista ao Circuito Mato Grosso, contando um pouquinho sobre sua turnê, artistas que à inspiram e representatividade negra no mundo da música.
Circuito Mato Grosso: Tem uma semana que a turnê “Dona de Mim” começou. Como é estar levando o seu som para diversas cidades?
IZA: Nossa, eu estou muito feliz. Este é o segundo show que eu faço depois do lançamento da turnê. Eu estou muito feliz de estar aqui em Cuiabá — é a minha primeira vez aqui. Sempre quis cantar aqui, na verdade. É muito especial visitar Cuiabá. É muito especial porque a gente consegue visitar vários lugares que eu sempre quis conhecer, sabe? Isso é muito legal. Eu estou muito feliz, e estou feliz porque muitas pessoas esperam que eu passe nas cidades delas.
Circuito Mato Grosso: O seu primeiro single foi lançado em 2016 e até o lançamento do “Dona de Mim” foram dois anos. Eu queria que você comentasse como que é para você estar lançado um CD. Eu enxergo para um artista o lançamento de um álbum como algo muito especial. Como é para você ter lançado o “Dona de Mim”?
IZA: Como eu comecei a fazer show desde a época que eu fazia cover, eu acho que esse é o show mais autoral que eu já tive na vida. Então, isso é muito importante porque eu estava esperando muito por este momento que eu pudesse me expressar literalmente como cantora, além de cantar como eu gosto de cantar, cantar aquilo que eu realmente pensei, eu escrevi, eu ajudei a produzir. Agora eu me sinto mais cantora do que antes. Então, eu estou muito feliz que as pessoas estão recebendo bem este show e que esse ano vai ter muita turnê por aí.
Circuito Mato Grosso: Qual foi o seu primeiro contato com a música que te fez se apaixonar?
IZA: Quando eu tinha 6 anos de idade, tinha um álbum do meu pai que se chama “I Remember You”, do Brian McKnight. Eu tinha acabado de chegar nessa vila, e eu não tinha tido tempo de eu conhecer as crianças [de lá], então eu me distraia muito ouvindo música. Quando eu ouvi esse álbum, foi quando eu entendi que gostava e sabia cantar. Eu comecei a imitar. Acho que no primeiro momento, você não descobre sua voz, você tenta imitar, não é mesmo? Eu acho que esse álbum é muito importante porque marcou minha relação inicial com o canto.
Circuito Mato Grosso: Desde o comecinho de sua carreira, você fazia bastante covers, e ainda com o “Música Boa Ao Vivo”, na Multishow, você fez alguns também. Com essa questão dos covers, eu quero saber quem são as suas maiores inspirações.
IZA: Hoje em dia, a Liniker, Alcione, Rihanna e Beyoncé.
Circuito Mato Grosso: Com o recente incêndio, queria saber quando o “Música Boa” volta?
IZA: Nós vamos voltar muito em breve. O estúdio, graças a Deus, não pegou fogo, ele só foi inundado. Porque como a chama ficava reacendendo no teto do galpão. Ficaram muito tempo tentando apagar o fogo, caiu muita água dentro do estúdio, então acabou inundando e criando muitas goteiras. De qualquer forma, a precisa interditar o estúdio por segurança e não vamos voltar para lá por enquanto, mas voltaremos em breve.
Circuito Mato Grosso: Hoje no mundo da música, essa galera nova se ajuda. Nós temos muitos artistas novos se juntando. Queria que você fizesse um comentário essa junção porque recentemente você lançou uma música com a Aretuza [que também é nova no meio].
IZA: Eu acho que, na verdade, não é só uma coisa do começo, sabe? Isso é algo que deve se perpetuar por toda uma carreira. Eu acho muito bacana quando a gente se ajuda, quando a gente se une. É muito importante quando a gente une nossos públicos e une nossas mensagens. Eu acho que acaba sendo eficaz para todos os lados. É muito importante acontecer isso, principalmente no começo. Mas eu acho que isso tem que continuar mesmo, que se continue fortalecendo o movimento, continue engrandecendo o cenário, não só pop, mas também feminino.
Circuito Mato Grosso: Nós temos poucas mulheres negras no cenário musical brasileiro, eu queria saber como é para você ser uma espécie de modelo, representando muitas garotinhas negras.
IZA: Eu me sinto muito especial. Eu sei que como para mim era importante ter este tipo de representante nos lugares que eu ia, nas coisas que eu comprava, nas novelas que eu assistia. Eu acho que isso é muito importante sim porque isso acaba plantando nos corações das crianças que elas podem estarem em qualquer lugar, nos lugares onde elas quiserem estar. É muito importante que nós ocupemos todos os lugares para que elas consigam não só se enxergarem em capas de revista, na televisão, mas também em posições de liderança, como CEO, produtora e diretora. Eu acho que precisamos estar em todos os lugares. Eu fico muito feliz. É um presente muito grande [dar representatividade] e também é a confirmação de que tudo que eu tenho plantado, eu tenho colhido exatamente o que eu estava esperando. Sabe por quê? Eu realmente me preocupo com essa mensagem.