Após abrir o pregão desta quarta-feira (23) em queda, o dólar passou a subir minutos depois e ultrapassou o recorde da véspera, chegando a R$ 4,1307. Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou vendida a R$ 4,05.
Às 12h50, o dólar subia 1,28%, cotado a R$ 4,1057 na venda.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em alta depois de abrir em queda.
Apesar da forte alta na cotação do dólar, o Banco Central não anunciou nenhuma intervenção extraordinária no câmbio nesta quarta-feira. O BC vai apenas continuar com as intervenções que já vinha fazendo: trocando os contratos de swap (que equivalem a uma venda futura de dólares) que vencem em outubro por contratos novos. Com esse movimento, o BC evita "tirar" esses contratos do mercado, o que pode fazer com que a cotação suba ainda mais. Nesta quarta, a oferta será de até 9,45 mil contratos.
Veja a cotação ao longo do dia:
Às 9h05, caía 0,84%, a R$ 4,0197
Às 9h20, caía 0,75%, a R$ 4,0231
Às 10h20, subia 0,696%, a R$ 4,082
Às 10h30, subia 0,548%, a R$ 4,076
Às 10h50, subia 0,9%, a R$ 4,0903
Às 11h, subia 0,957%, a R$ 4,0926
Às 11h20, subia 1,31%, a R$ 4,1067
Às 11h30, subia 1,85%, a R$ 4,1287
Às 11h40, subia 1,59%, a R$ 4,1182
Às 12h, subia 1,83%, a R$ 4,128
Às 12h10, subia 1,79%, a R$ 4,1266
Às 12h34, subia 1,89%, a R$ 4,1307
Na manhã desta quarta-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, expressou preocupação com a economia global, o que se somou à já forte apreensão com a economia e a política brasileira.
Mais cedo, a moeda chegou a cair quase 1%, a R$ 4,0145 na mínima do dia, após o Congresso manter alguns vetos da presidente Dilma Rousseff que não devem prejudicar o ajuste fiscal, mas adiar a análise de outros itens importantes.
"(Draghi demonstrou) preocupação com a perspectiva de crescimento global e a apreensão com o Brasil continua", resumiu o economista da 4Cast Pedro Tuesta. Draghi afirmou nesta manhã que o BCE precisa de mais tempo para avaliar se é necessário fortalecer seu programa de compra de ativos, ao mesmo tempo em que ressaltou que a desaceleração de mercados emergentes, o avanço do euro e a queda dos preços de commodities prejudicam as perspectivas econômicas.
A pressão externa somou-se ao quadro político e econômico preocupante no Brasil. Embora a decisão do Congresso nesta madrugada tenha aliviado um pouco essas preocupações, o mercado seguia temeroso.
"O veto mais importante é o do aumento (de salários dos servidores do) Judiciário e não sabemos quando ele vai ser analisado", disse o operador de uma corretora nacional, referindo-se ao veto que, se derrubado, vai gerar gastos de 36 bilhões de reais até 2019, segundo cálculos do governo.
Citando riscos aos planos fiscais do governo no curto prazo e a grande probabilidade de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, o Credit Suisse passou a projetar que o dólar deve atingir R$ 4,25 em três meses e R$ 4,50 em 12meses, contra R$ 3,65 e R$ 4,10 reais, respectivamente.
Recorde na véspera
Na terça-feira, a moeda norte-americana teve alta de 1,83%, vendida a R$ 4,0538. No ano, o dólar já tem alta acumulada de 52,47%.
A cotação de fechamento desta terça foi a mais alta já registrada desde a criação do real. A maior até então havia sido registrada em 10 de outubro de 2002, quando o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 durante o pregão, mas desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.
Na época, a moeda norte-americana foi impulsionada, entre outros, pelas perspectivas de que o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito, algo que não agradava o mercado financeiro.
No passado, houve um breve período em que R$ 1 chegou a valer mais que US$ 1 na carteira. Isso aconteceu entre 1994 e 1999, quando o governo passou a controlar artificialmente a cotação da moeda norte-americana para estabilizar a economia do país, recém-saída de uma hiperinflação.
Dólar turismo a mais de R$ 4,50
Nas casas de câmbio, a disparada do dólar já mostra seus reflexos. Na manhã desta terça-feira, a cotação chegava a R$ 4,50 no cartão pré-pago, com o IOF de 6,38% incluído, na Confidence Câmbio. Em espécie, a moeda sai por R$ 4,27. Na Cotação, o dólar chegava a R$ 4,489 no cartão e a R$ 4,276 em espécie (ambos com imposto incluído). Na Vips Turismo, os valores eram de R$ 4,22 e R$ 4,45, respectivamente.
Fonte: G1