O dólar opera em alta nesta quarta-feira (30), com a briga pela formação da Ptax (taxa calculada ao final de cada mês pelo Banco Central) ofuscando o cenário externo mais positivo e a intervenção do Banco Central. O mercado também segue atento aos desdobramentos da greve dos caminhoneiros.
Perto das 12h, a moeda norte-americana subia 0,22%, vendida a R$ 3,7455, após chegar a R$ 3,768 na máxima do dia. Já o dólar turismo era vendido a R$ 3,91, depois de bater R$ 3,93. Veja as cotações.
No dia anterior, o dólar fechou em alta de 0,25%, cotado a R$ 3,737 na venda.
"O exterior ajudou bastante na abertura, bem como o Banco Central, que atuou no último pregão do mês, quando normalmente não age. Mas a formação da Ptax impede qualquer outra avaliação", comentou à Reuters o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
A última sessão de cada mês costuma ser mais volátil para o mercado de câmbio, por causa da formação da Ptax. Como essa taxa é utilizada na liquidação de diversos contratos cambiais, os investidores costumam pautar suas ações de compra ou venda de dólares para levá-la ao patamar considerado mais vantajoso.
Greve dos caminhoneiros e petroleiros
Parte dos caminhoneiros continuam parados mesmo após o governo anunciar na segunda-feira que vai reduzir o preço do litro do diesel em R$ 0,46 por 60 dias. Na semana passada, o governo já tinha anunciado redução de 10% no preço do diesel nas refinarias.
Segundo o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a redução do preço do diesel terá custo total de R$ 9,5 bilhões aos cofres públicos, que será coberto por uma sobra de R$ 5,7 bilhões que o governo tem em relação à meta de déficit primário (antes do pagamento de juros da dívida), além de corte de despesas de R$ 3,8 bilhões.
Além desse impasse que impede o país de voltar à normalidade, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) iniciou nesta quarta-feira (30) uma greve da categoria contra a política de preços da Petrobras. O movimento acompanha a decisão da Federação Única dos Petroleiros (FUP) de convocar greve de 72 horas às vésperas do feriado de Corpus Christi no Brasil.
Cenário externo
No exterior, o dólar caía em relação a diversas moedas, com a recuperação do euro das mínimas de dez meses após notícias de que o maior partido da Itália fará nova tentativa de formar um governo de coalizão para encerrar meses de turbulência política.
Os dados mais fracos da economia norte-americana também favoreciam o recuo do dólar, que caía em relação a várias moedas de países emergentes, como o peso mexicano.
Intervenção do BC
Nesta sessão, o BC fez leilão e vendeu todo o lote de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. O BC não costuma fazer intervenções no último pregão do mês para não interferir na Ptax, mas considerou que a recente tensão dos investidores justificava sua ação. No mês até a véspera, o dólar já acumulava alta de 6,73%.
O BC, também para acalmar os ânimos, já avisou que vai continuar promovendo esses leilões, bem como rolará integralmente o vencimento de swaps que vencem em julho e somam US$ 8,762 bilhões.