O dólar recua nesta sexta-feira (8), chegando a operar abaixo de R$ 3,10, com os investidores animados após as vitórias recentes do governo no Congresso, que podem ajudar na votação da reforma da Previdência, e depois de Antonio Palocci afirmar em depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha uma conta de propinas com a Odebrecht, segundo a Reuters.
Às 12h39, a moeda norte-americana caía 0,15%, vendida a R$ 3,0974. Veja a cotação hoje.
Na mínima desta sexta-feira, a moeda foi a R$ 3,0825, menor nível intradia desde 21 de março (R$ 3,06).
"Condições financeiras ainda frouxas lá fora são ventos a favor, ainda. Por aqui, o noticiário tem fortalecido o governo Temer, e afasta, em alguma medida, o 'risco-eleições'", avaliou a corretora Guide em relatório.
O governo conseguir avançar nesta semana no Congresso com a aprovação da mudança das metas fiscais e também com a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que contribuirá para o ajuste nas contas públicas ao reduzir os subsídios dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com isso, cresceu o otimismo dos investidores para aprovação da reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que vai pautar sua votação para outubro, após análise da reforma política pelos deputados, segundo a imprensa.
Os investidores também ficaram mais animados com as eleições do próximo ano, depois que cresceram as chances de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não disputar o pleito em meio à delação do ex-ministro Antonio Palocci. Ele é considerado um candidato menos comprometido com o ajuste das contas públicas.
Em seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, Palocci disse que a Odebrecht estabeleceu uma conta de R$ 300 milhões para Lula e o PT para manter uma boa relação com o governo durante o mandato de Dilma Rousseff.
Os investidores também acompanhavam a trajetória do dólar no exterior, com queda firme ante uma cesta de moedas, depois de já ter cedido na véspera, levando a um ajuste aqui no Brasil, que não operou por causa do feriado do Dia da Independência.
A perspectiva de que um novo aumento de juros nos Estados Unidos possa não acontecer neste ano favorece a manutenção de recursos em praças mais atrativas, como a brasileira.
"Há algum suporte nessa região de R$ 3,08. Mesmo com otimismo, mercado vai se questionar se é hora de ir a R$ 3,05. Continuo vendo um intervalo de R$ 3,10 a R$ 3,15", informou à Reuters o operador da H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O Banco Central não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em outubro, vencem US$ 9,975 bilhões em contratos de swap cambial tradicional –equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
Último pregão
O dólar fechou na quarta-feira em sua sexta queda seguida, retomando o nível de R$ 3,10, menor patamar em quase quatro meses, após o governo ter conseguido avançar com sua pauta econômica no Congresso na véspera e em meio à fraqueza da moeda no exterior.
O dólar recuou 0,55%, a R$ 3,1021 na venda, menor patamar desde os R$ 3,0955 de 16 de maio. Nos seis pregões de baixa, ficou 1,93% mais barato, segundo a Reuters.