O dólar atingiu nesta sexta-feira (6) o maior nível em mais de dez anos, após números fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçarem as apostas de que os juros logo começarão a subir na maior economia do mundo.
O avanço era também impulsionado pela apreensão dos investidores com o futuro da Petrobras e com as mudanças na diretoria do Banco Central brasileiro, destaca a Reuters. Na avaliação de alguns analistas, a nova diretoria do BC sinaliza uma política monetária menos austera no futuro.
A moeda norte-americana fechou em alta de 1,34%, a R$ 2,7782 na venda, maior cotação desde 10 de dezembro de 2004 (R$ 2,7867). Na máxima da sessão, a divisa atingiu R$ 2,7852.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões.
A criação de empregos nos EUA acelerou de forma sólida e superou as expectativas do mercado no mês passado, enquanto a renda média mostrou forte recuperação.
O resultado jogou um balde de água fria sobre as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, poderia elevar os juros mais tarde do que o esperado.
Juros mais altos tendem a atrair para a maior economia domundo recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Esse movimento pode se intensificar se a nova composição do BC brasileiro realmente se traduzir em menos altas da Selic, como alguns investidores temem.
O BC anunciou na véspera que Luiz Awazu substituirá Carlos Hamilton Araújo, de perfil mais austero, na diretoria de Política Econômica, que naturalmente tem forte influência sobre a condução da política monetária. Awazu acumulava as diretorias de Assuntos Internacionais e de Regulação.
"A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida,mais tolerante", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O BC também indicou Tony Volpon, atualmente no banco Nomura, para a diretoria de Assuntos Internacionais. O nome não convenceu os mercados financeiros, que entendem que as últimas projeções sobre a inflação publicadas por ele são "otimistas demais".
A pressão sobre o câmbio era corroborada pela indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, envolvida em esquema bilionário de corrupção. A indicação do executivo, que atualmente preside o Banco do Brasil, aumentou ainda mais a desconfiança dos investidores sobre o rumo que será dado à estatal.
Atuação do BC
Nesta manhã, o BC deu continuidade às atuações diárias evendeu a oferta total de até 2 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30%. do lote total.
Fonte: G1