O dólar fechou em alta sobre o real nesta quinta-feira (26), renovando a máxima desde julho, após oscilar pela manhã, com os investidores temerosos com o futuro da agenda econômica do governo após a Câmara dos Deputados ter sinalizado apoio político menor a Michel Temer, mesmo barrando a segunda denúncia contra o presidente na noite passada, destaca a Reuters.
(Correção: esta reportagem errou ao informar que o dólar havia fechado na maior alta sobre o real desde maio. Na verdade, a moeda fechou no maior valor desde julho. O erro foi corrigido às 17h40)
O cenário externo também estava no foco dos mercados nesta sessão, com expectativa sobre a escolha do novo presidente do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana subiu 1,22%, vendida a R$ 3,2846. Veja a cotação hoje. Com isso, o dólar voltou a fechar na maior cotação desde julho. Na semana e no mês, o dólar acumula alta de 2,97% e 3,69%, respectivamente. No ano, há elevação de 1,07%.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, pesa mais sobre a cotação da moeda o processo de substituição do comando do Fed. "Há expeculações de que o novo presidente pode ser um pouco menos cauteloso que a Yellen em relação a aumento dos juros", disse ao G1.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vinha dizendo que ainda avaliava três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual presidente do Fed, Janet Yellen.
Segundo a Reuters, Taylor é visto como mais conservador pelos mercados e sua escolha pode significar mais altas dos juros pelo Fed. Juros mais elevados nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.
Nesta manhã, no entanto, saíram notícias de que Yellen estaria fora da disputa e, assim, apenas Powell e Taylor estariam no radar ainda de Trump.
Cenário interno
A Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia contra Temer na noite passada, mas sinalizou, com o placar abaixo do esperado pelo governo e a demora de parlamentares da base em marcar presença na votação, que o Planalto deve encontrar dificuldades para tocar sua agenda.
Para analistas ouvidos pela Reuters, de modo geral, o placar da votação agora – 251 votos, contra 263 votos na primeira denúncia– indica o esgotamento do capital político do governo, o que complica o já difícil cenário para aprovação de reformas, como a da Previdência.
"Parece-nos que um placar de 251, como o de ontem, diminui a probabilidade de que uma reforma como a da Previdência, mesmo enxuta, possa avançar", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos, em nota a clientes.
"Estou pessimista quanto à reforma da Previdência, o máximo que pode ser aprovado é uma reforma intraconstitucional", afirmou à Reuters o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Já Rafael Sabadell, gestor da GGR Investimentos, considera que a rejeição da segunda denúncia, ainda que com menos votos do que a primeira, indica sinal verde para a aprovação das mudanças nas regras da aposentadoria.
"Mesmo que o placar da votação não tenha sido tão favorável ao governo quanto anteriormente, de acordo com o mercado ainda há chances de haver a reforma da previdência esse ano”, disse em nota.