Economia

Dólar cai após decisão sobre juros dos EUA

Depois de operar em alta durante a maior parte do dia, o dólar mudou de direção e fechou em queda, após o comunicado de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) levar investidores a apostar que os juros norte-americanos não devem começar a subir tão cedo quanto o esperado.

A moeda norte-americana caiu pelo 3º dia consecutivo e terminou o pregão negociada a R$ 3,2141, em baixa de 0,52%. Na máxima da sessão, a divisa subiu 1,54%, atingindo R$ 3,2809. 

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 600 milhões.

Decisão do BC dos EUA
Ao final da reunião de dois dias, o Fed decidou manter a taxa de juros inalterada, entre 0 e 0,25%, e afirmou que uma alta em abril é "improvável". O BC dos EUA, no entanto, deu mais um passo em direção da aguardada primeira alta de juros desde 2006, ao remover a palavra "paciente" de seu comunicado.

A possibilidade de que os EUA possam elevar sua taxa de juros nos próximos meses pesa a favor da alta do dólar, já que a decisão levaria a uma saída da moeda do Brasil em direção aos Estados Unidos.

Segundo a Reuters, os mercados passaram a apostar que o aperto monetário terá início em setembro, após o Fed reduzir suas estimativas de crescimento e inflação.

O economista da 4Cast, Pedro Tuesta, disse à Reuters que vê chance "muito menor" de o aperto monetário norte-americano ter início em junho. A manutenção de juros baixos nos EUA por mais tempo sustentaria a atratividade de ativos denominados em reais.

Mas, segundo Tuesta, o efeito do comunicado do Fed sobre o comportamento do real nas próximas sessões pode ser limitado. "Reduz a pressão, mas o real está em um mundo próprio. Há uma chance de o Banco Central anunciar o fim do programa de swaps cambiais e há a questão do ajuste fiscal", acrescentou.

Também por isso, a queda do dólar sobre o real foi menos expressiva do que o movimento em outros mercados de câmbio. O euro, por exemplo, subiu mais de 2% em relação à divisa norte-americana, maior ganho diário desde julho de 2010.

Cenário doméstico
As preocupações com o quadro político e econômico do Brasil mantinham os investidores cautelosos.

O Congresso aprovou na noite passada o Orçamento Federal de 2015, com o maior valor já consignado na lei orçamentária para emendas individuais de deputados e senadores.

"Olhando pelo lado positivo, (a aprovação do Orçamento) parece ser uma trégua temporária nos atritos entre o Executivo e o Legislativo. Mas, é claro, isso não significa que os problemas acabaram", disse à Reuters o operador de uma corretora nacional.

Pesquisa Datafolha mostrou que a avaliação ruim/péssima do governo da presidente Dilma Rousseff disparou para 62% em março, na maior rejeição a um presidente desde Fernando Collor de Mello às véspera do impeachment em 1992.

Programa de intervenções do BC
A dúvida sobre a possível prorrogação do programa de intervenções diárias do BC no câmbio completava o quadro de cautela. Com a recente disparada do dólar, o mercado segue apreensivo quanto à continuidade do programa cambial, previsto para durar até pelo menos o fim deste mês.

Nesta quarta, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que sua equipe deve se reunir nas próximas semanas para definir o futuro de intervenções diárias no câmbio.

O programa de swaps cambiais é uma intervenção diária do BC no mercado, para aumentar a oferta de dólares e controlar a alta da moeda frente ao real. A sinalização de que o BC pretende rolar apenas parcialmente os contratos que vencem em 1º de abril trouxe incertezas ao mercado.
"Tudo sugere que o fim dos leilões diários já está no preço do dólar", disse à Reuters o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a US$ 97,2 milhões. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de março de 2016.

O BC também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 46% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

Fonte: G1

Redação

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