Produzir um documentário sobre a trajetória do desenhista e pintor autodidata da arte naïf, Nilson Pimenta, é uma ideia que sempre esteve no imaginário do documentarista Amilton Martins. Muitos não conhecem a importância de Nilson Pimenta, que de 1981 a 2017, foi professor no Ateliê Livre da UFMT e formou diversos artistas plásticos.
Nilson faleceu em 23 de dezembro de 2017, após sofrer um infarto aos 60 anos. A morte do artista plástico gerou comoção entre os apaixonados pela cultura de Mato Grosso devido a representatividade alcançada pelo pintor.
O artista plástico se mudou de Caravelas (BA), aos seis anos de idade, com a família e foi morar no interior de Mato Grosso, onde trabalhou no campo. Mais tarde, acabou se tornando um dos mais importantes pintores brasileiros na arte naïf.
Para tanto, a trajetória de Nilson precisou se entrelaçar com a da UFMT, onde atuou inicialmente como vigilante. Com orientação da crítica e produtora cultural Aline Figueiredo, responsável por “descobrir” o talento do pintor, deu os primeiros passos em direção ao mundo das artes.
Em algumas oportunidades, Amilton chegou a contar para Nilson sobre o desejo de deixar a história dele registrada em um documentário. “Uma vez disse para ele: ‘vamos fazer um documentário’. Ele, que era sempre reservado, respondia: ‘mas será, Amilton?’. Infelizmente não tivemos tempo de produzir esse registro com ele ainda em vida, mas através do edital Conexões Mestres da Cultura, da Secretaria Estadual de Cultura Esporte e Lazer, fomentado com recursos da Lei Aldir Blanc, conseguimos reunir uma equipe eclética e comprometida na produção do documentário. Estamos buscando os melhores resultados, principalmente na qualidade técnica das gravações”.
Nilson classificava a arte naïf como de “gente simples”, que, apesar da falta de teoria, tem muita história para contar. Os entrevistados pela equipe, de uma forma ou de outra, estiveram presentes na trajetória do artista plástico.
A produtora executiva do projeto, Viviane Vilela, contou que, apesar de desafiadora, a execução da obra tem sido gratificante, já que os envolvidos podem sentir um pouco do amor que Nilson tinha pela arte.
“Cada entrevistado nos revela facetas do artista até então desconhecidas, estamos descobrindo o amor que ele tinha pela arte e como ele transmitia essa paixão aos seus alunos de pintura”, explicou Viviane.
Importância do registro histórico
A urgência em registrar a história de Nilson é consenso entre os envolvidos na produção do curta. Muitos ainda não sabem quem é o artista plástico e a importância dele na arte naïf. Em 2006, o pintor esteve na “Naïve Paintings of Far-Western Brazil” na Galeria IZZI em Londres.
“A história de vida construída por Nilson é digna de um registro, neste caso através de uma produção capaz de mostrar os caminhos percorrido por ele para que as futuras gerações possam conhecer e ter como referência que toda pessoa com força de vontade pode vencer, em qualquer área do conhecimento”, avaliou Amilton.
O diretor de fotografia do documentário, Oscar Junior, afirmou que é prazeroso e surpreendente conhecer a trajetória de Nilson. Ele ressaltou que, durante as entrevistas, as falas sobre a bondade e generosidade do artista plástico são recorrentes. Para ele, a equipe está fazendo parte de um novo capítulo do audiovisual de Mato Grosso.
“São depoimentos únicos e genuínos de pessoas que viveram com Nilson e agora falam sobre ele. Sou testemunha dessa história e isso mexe muito comigo. Me transforma, me faz uma pessoa melhor. Estamos trabalhando muito na qualidade técnica das filmagens, com câmeras de alta resolução, captação de áudio de três formas diferentes… Tudo para valorizar ainda mais esses depoimentos”, contou Oscar.
O documentário ainda está em fase de produção. Com o final das gravações com amigos, familiares, colecionadores e galeristas que tiveram contato direto com Nilson, a equipe entra no processo de edição e finalização do material audiovisual. A expectativa é que, até 20 de abril, o lançamento oficial da obra seja realizado em Mato Grosso.
O projeto é realizado com recursos de fomento cultural da Lei Aldir Blanc e foi selecionado no edital Conexões Mestres da Cultura, da Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).