A pechincha na hora do comprar imóvel nunca foi tão efetiva – pelo menos desde o final de 2013. Os descontos obtidos pelos compradores atingiram o nível recorde desde então, aponta levantamento FipeZap divulgado nesta quinta-feira (21).
Quem comprou imóvel nos 12 meses encerrados em março conseguiu um desconto médio de 7,5%. Em dezembro de 2013, quando o estudo começou a ser feito, o percentual era de 6,5%. Num imóvel anunciado por R$ 300 mil, isso significa um abatimento no preço final, hoje, de R$ 22,5 mil, ante os R$ 19,5 mil há um ano e meio atrás. Ou seja, R$ 3 mil.
"A palavra do momento é negociação", afirma Eduardo Zyslberstajn, coordenador do FipeZap. "Quem quer vender está esperando muito mais para receber uma proposta. O poder de barganha mudou de lado."
Para quem quer vender, a dica é pensar bem se vale a pena dispensar uma oferta razoável que eventualmente aparecer na expectativa de uma receber uma melhor mais à frente. Ela pode demorar bastante a aparecer num momento em que o preço de venda está descendo a ladeira. De acordo com o acompanhamento mensal dos preços anunciados pelo FipeZap, de janeiro a abril de 2015 os imóveis sofreram desvalorização real de 3,47%. O índice decorre de uma elevação de preços que tem sido inferior à evolução da inflação.
E a expectativa do mercado é de que esse movimento continue. Mais da metade (55%) dos consumidores ouvidos para o levantamento divulgado nesta quarta-feira (20) espera que o preço real dos imóveis caia nos próximos 12 meses. O índice, referente ao primeiro trimestre de 2015, é o maior desde o segundo trimestre de 2014, quando estava em 55%.
Pechincha em alta
Percentual de desconto obtido pelos compradores nos últimos 12 meses
Investidores fogem
O levantemento do FipeZap também aponta que as compras para investimento – e não para moradia – têm se tornado cada vez mais raras, especialmente quando o objetivo é revender o imóvel.
A participação dos investidores no total de compradores, que chegou a beirar os 45% há um ano atrás, recuou para 37% nos 12 meses encerrados em março deste ano. As compras para revenda, que naquela época estavam perto de 19%, caíram para 14%. Já as destinadas a aluguel subiram para 23% entre fevereiro e março – um índice, entretanto, ainda inferior aos 26% registrados há um ano.
Segundo Zylberstajn, a diferença no comportamento dos dois tipos de investidores se deve ao fato de que quem compra para alugar pretende ficar com o imóvel por um tempo maior e, portanto, é menos influenciado pela volatilidade dos preços no curto prazo. E, para o longo prazo, o sentimento prevalecente entre os consumidores é de que os imóveis vão variar de acordo ou acima da inflação: 77% acreditam que esse é o cenário mais provável para os próximos 10 anos,, ante 45% para os próximos 12 meses.
O levantamento do FipeZap foi feito com 1.564 pessoas entre 8 a 27 de abril.
Fonte: Terra