Política

Decisão do PMDB dá chance para Dilma ‘repactuar governo’

O ministro chefe de gabinete de Dilma, Jaques Wagner, afirmou nesta terça-feira (29) que a decisão do PMDB de romper com o governo representa o momento de a presidente Dilma Rousseff "repactuar o governo". Para o ministro, a medida tomada pelo partido abre espaço para "um novo governo".

O Diretório Nacional do PMDB decidiu mais cedo, por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do partido e os filiados que ocupam outros postos no Executivo federal entreguem seus cargos.

"O governo recebe com naturalidade a decisão interna do PMDB, agradece todo esse tempo de colaboração que tivemos ao longo desses cinco anos no governo da presidente Dilma, e creio que a decisão chega numa boa hora, porque oferece à presidente dilma ótima oportundiade de repactuar seu governo", disse Wagner.

"Poderia até falar em um novo governo, porque sai um parceiro importante, mas abre espaço poltíco para repactuação do governo. Isso ja aconteceu em outros governos, inclusive comigo na Bahia, e a politica é assim, vivida na realidade. A gente trabalha para manter aliança, que não pôde ser mantida, mas agora estamos repactuando as alianças do governo e até sexta teremos novidade", completou.

Segundo explicou Jaques Wagner, a “repactuação” dita por ele consistirá em o Planalto buscar partidos que já compõem o governo e “outras forças políticas” que poderão passar a integrar a gestão de Dilma, a fim de garantir o apoio necessário à presidente.

“Eu estou muito confiante de que esta oportunidade será uma boa oportunidade para a nova caminhada da presidenta Dilma”, acrescentou. “Agora é repactuar com outras forças políticas. Claro que, se a gente tem um movimento que consideramos um impeachment sem causa – o que é golpe – e esse processo se trata de votos no Congresso, é claro que trataremos isso como uma agenda do governo. Agora é conquistar votos no Congresso, ampliando o espaço de aliados”, completou.

De acordo com o chefe de gabinete de Dilma, a presidente comandará uma reunião na noite desta quinta no Palácio da Alvorada, residência oficial, com ministros do Planalto para avaliar o cenário político. Questionado sobre se o ex-presidente Lula, que está em Brasília, participará do encontro, Wagner afirmou que não está previso, “mas é possível, porque ele é um bom conselheiro político”.

Relação Dilma e Temer
Na entrevista, Jaques Wagner também dedicou parte de sua fala a uma avaliação sobre como fica a relação entre Dilma e o vice Michel Temer. Para ele, esta relação passará a ser "educada", embora "politicamente interditada".

A petista e o peemedebista vivem o momento de maior desgaste e distanciamento mútuo. Desde dezembro do ano passado, quando Temer enviou a ela uma carta dizendo que Dilma não confia nele, o que o faz se sentir um “vice decorativo”, os dois se encontraram poucas vezes. Os encontros, segundo assessores, ficaram cada vez mais frios e protocolares.

Embora Temer não tenha comparecido à reunião do Diretório Nacional do PMDB que definiu o rompimento, ele, que também é presidente do partido, articulou nos bastidores o desembarque e pediu a aliados que votassem unificados a favor da saída da legenda.

Lula na Casa Civil
Em outro trecho da entrevista, Jaques Wagner foi questionado sobre se a Casa Civil entrará na “repactuação” do governo prevista para ser anunciada, segundo ele, até sexta-feira (1º).

“Estamos aguardando a desobstrução do presidente Lula. Para este posto, está convidada uma pessoa que é o ministro Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, claro que, se for mantida a decisão do Supremo, em ele não podendo assumir, este seria um posto [Casa Civil] a ser negociado”, declarou.

Lula foi anunciado pela Secretaria de Comunicação Social como novo ministro da Casa Civil no último dia 16. No dia 17, em cerimônia no Palácio do Planalto, ele tomou posse no cargo, mas não chegou a exercê-lo. Partidos da oposição e pessoas contrárias ao governo moveram ações judiciais para tentar barrar a posse de Lula sob a argumentação de que ele, investigado na Operação Lava Jato, tentou obstruir a Justiça e conseguir o foro privilegiado.

A cada nova ação, advogados do ex-presidente e a Advocacia-Geral da União (AGU) tentaram impedir a suspensão da nomeação de Lula da Casa Civil.
Atualmente, a posse do petista está suspensa em razão de o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes ter atendido a pedido do PSDB. Lula não poderá assumir a Casa Civil até que o plenário da Corte decida sobre o assunto, o que deve ocorrer nesta quinta (31).

Fonte: G1

Redação

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