A quinta-feira deve dar combustível aos mais céticos analistas políticos. A tramitação da reforma da Previdência não deve ser tão ágil quanto previam o governo e seus aliados no Congresso, que seguem afirmando ser possível sua aprovação antes do recesso parlamentar, que começa em três semanas.
Havia a expectativa de que o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) fosse votado hoje na comissão especial da reforma, na Câmara. Era o prazo defendido até o início da semana pelo presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas uma série de discussões por adendos ao projeto foi atrasando sua tramitação nos últimos dias. A Câmara acabou cancelando a reunião de leitura do parecer prevista para hoje.
Agora, no melhor cenário a semana termina com o relatório apresentado, mas com sua votação na comissão adiada para o início da semana que vem.
A inclusão de estados e municípios ainda durante a comissão especial é o grande tema de discussões da vez. Ontem, Maia se reuniu com governadores do Nordeste para costurar a volta de estados e municípios. É uma discussão que expõe os dilemas do texto — ao mesmo tempo em que a reforma das aposentadorias é essencial para as contas públicas Brasil afora, a pauta é vista como danosa eleitoralmente.
Rodrigo Maia diz não ver problema em mais “dois ou três” dias de atraso para a aprovação de um bom acordo que transmita à sociedade “nossa responsabilidade com as contas públicas de estados e municípios”. O relator, Samuel Moreira, afirmou ontem que não vai ceder à pressão de categorias que seguem em busca de mais condições especiais, como professores e policiais militares. Segundo ele, é difícil mais esforços que os que já foram feitos.
Samuel Moreira disse que não vai ceder à pressão de categorias como de professores e policiais civis, dizendo ser difícil mais esforços que os que já foram feitos.
A previsão era que, com o avanço do texto da reforma da previdência, a Câmara instale ainda esta semana a comissão especial da reforma tributária. Outra prioridade de Maia é votar o novo marco do saneamento, facilitando o investimento privado em estados e municípios. Com os atrasos na Previdência, tudo vai ficando para depois.