Problemas como excesso de chuva e pouca luminosidade afetaram as lavouras do Estado, dificultando a absorção de nutrientes e favorecendo a incidência de ferrugem asiática e antracnose nas plantas. Além disso, as chuvas atrapalharam o controle dessas doenças, explica Lopes. “O produtor entrava no campo, fazia as pulverizações, mas como chovia em seguida, ele precisava reaplicar”. Tudo isso ocasionou a perda de produtividade em uma média de 3,3% em comparação com a safra 2010/2011, baixando as projeções iniciais do volume de soja a ser colhido em Mato Grosso.
Inicialmente estimada em 22 milhões de toneladas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a colheita que segue para sua fase final no Estado deve render 21,9 milhões (t), variação negativa de 0,45%. Produtividade média apurada pela entidade é de 3,103 mil quilos por hectare, equivalente a 51,7 sacas/ha. Na última safra, cada hectare cultivado com soja rendeu 3,208 mil quilos.
Ainda assim, a safra 2011/2012 de soja deve fechar com aumento de 6,7% em relação à anterior, considerando o incremento de 10,5% na área plantada, equivalente a 660 mil hectares, expandindo a área total cultivada para 7,084 milhões (ha). De acordo com o Imea, a expansão ocorreu sobre áreas com uso restrito devido à baixa qualidade, refletindo na produtividade média. Conforme analistas do Imea, “isso fará com que a produção seja menor que o potencial da cultura para esta safra, mas, em anos com condições favoráveis, fará com que a produção aumente em uma proporção maior do que a área, mostrando a sustentabilidade do sistema”.
Regiões do Norte e Médio-Norte foram as mais afetadas, registrando variações negativas de 8,3% e 6,9%, respectivamente. Estimativa do Imea é que os produtores destas regiões, localizadas ao longo da BR-163 e que concentram boa parte da produção de soja mato-grossense, concluam a colheita da oleaginosa obtendo 3,107 mil kg por hectare no Médio-Norte e 2,917 mil kg no Norte. Apenas na região Oeste foi detectado aumento de produtividade de 5,1% ante a safra 2010/2011.
Em alerta aos produtores, o coordenador da Comissão de Gestão de Produção da Aprosoja recomenda que iniciem o planejamento para a próxima safra, tentando fechar contratos futuros para compra de insumos, enquanto o câmbio se mantém favorável. Envolvido com o cultivo de 1,5 mil hectares de soja em Lucas do Rio Verde, o produtor Carlos Simon comenta que nesta safra o rendimento médio em cada hectare foi de 48 sacas, 20% a menos que o obtido na safra anterior, quando chegou a colher 60 sacas por hectare.
Autor: Silvana Bazani
Fonte: A Gazeta