O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou que fechará o seu escritório em Brasília até 30 de junho de 2022, quando termina o prazo da atual representação. O encerramento das atividades acontece após críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, por divergências em relação a projeções econômicas.
Em nota, o FMI disse esperar que o envolvimento de seu corpo técnico e de autoridades brasileiras continue.
Ontem, Guedes assinou a medida para o fechamento da missão do FMI no Brasil.
Durante evento na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o ministro voltou a criticar a atuação do FMI e do ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que assumiu o cargo de diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental. Segundo Guedes, as previsões "erradas" do FMI sobre a recuperação econômica do Brasil influenciaram a decisão de dispensar a missão.
O ministro acrescentou que o FMI se instalou no Brasil quando o país precisava de assistência para controlar o Orçamento e câmbio. Para Guedes, a permanência não é mais necessária: "Ficaram porque gostam, feijoada, jogo de futebol, conversa boa… E de vez em quando criticar um pouco e fazer previsão errada", disse.
Guedes rebate "críticas" do FMI
Além de comentar o encerramento da missão do FMI no Brasil, Guedes rebateu críticas que, segundo ele, teriam sido feitas à economia brasileira por Ilan Goldfajn. Há algum tempo, o ministro tem se empenhado em desqualificar as previsões do FMI.
Em seu discurso no evento da Fiesp, Guedes criticou a entidade pela previsão de queda de 10% do PIB do Brasil em 2020 e recuo de 4% para a economia inglesa. No fim, segundo ele, a economia brasileira caiu 4% e a inglesa, 9,2%.
"Que eles vão fazer as previsões deles em outro lugar", disparou. "Eu não li a reportagem, mas fiquei sabendo das críticas de um ex-presidente do Banco Central. Eu vou falar, é o Ilan Goldfajn. Ele é um amigo, mas em época de política todo mundo critica e o Ilan também tem o direito de criticar. Mas já que tem um brasileiro que critica o Brasil indo para o FMI, ele não precisa mais ficar aqui".
O ministro reconheceu que o próximo ano será difícil para o Brasil, mas, segundo ele, não é "para jogar a economia brasileira para baixo". Ele citou a renovação dos marcos regulatórios como um dos elementos que vão contrabalançar a desaceleração da economia em 2022.
Segundo ele, a medida assegura investimentos de R$ 700 bilhões em 10 anos, ou R$ 70 bilhões por ano a partir de 2022.