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Criadouro mineiro é pioneiro na arte da falcoaria no Brasil

A falcoaria é uma arte milenar considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco. No Brasil existem algumas escolas que ensinam essa arte, mas é na cidade de Uberlândia/MG, que está sediada a Escola Nacional de Falcoaria – Enfalco, pioneira no país a disseminar esse esporte, que antes era privilégio apenas entre reis e nobres, um verdadeiro símbolo antigo de status.

A Escola Nacional de Falcoaria – Enfalco foi fundada em 2003 por Ronivon Viana da Silva, um apaixonado por essa arte e profundo conhecer de suas técnicas. Desde criança ele desenvolveu uma fascinação por aves de rapina numa época em que não se falava em falcoaria no país, sendo tudo realizado de forma artesanal, quase que empiricamente. 

Com o passar dos anos, Ronivon tornou-se um pioneiro da falcoaria no Brasil, por meio dos seus conhecimentos autodidatas. A Enfalco foi o primeiro criadouro de aves de rapina registrado no Ibama e comercializou a primeira ave de rapina reproduzida em cativeiro no país.

A Escola Nacional de Falcoaria é ainda o criadouro com o maior número de aves de rapina reproduzidas em cativeiro e foi palco do primeiro curso sobre falcoaria no país. Títulos que orgulham esse mineiro, que é também um dos mais experientes falcoeiros do Brasil. 

Na Enfalco é possível adquirir de forma totalmente legal alguns tipos dessas aves de rapina, como falcões, corujas e gaviões, além de receber o treinamento necessário para os melhores cuidados desses animais, em especial seus hábitos e alimentação. 

Esses animais vêm ganhando espaço no dia a dia dos brasileiros, que trocam seus pets tradicionais por aves exóticas, como a coruja suindara (tyto furcata). Ronivon conta que, quando bebês, essas corujas apresentam comportamento arisco e chegam a assustar seus donos, mas é tudo “manha”, explica com seu sotaque mineiro, já que um pouco mais crescidas ficam tão dóceis quanto qualquer cachorrinho de estimação. 

As aves de rapina são espécies carnívoras que possuem características semelhantes entre si, tais como bicos recurvados e pontiagudos, garras fortes e visão de longo alcance. Entre elas estão os falcões, águias, gaviões, abutres, corujas, entre outros, alimentando-se de grandes artrópodes, peixes, anfíbios, pequenos mamíferos e pequenas aves.

Esses animais são muito utilizados para o controle de espécies de forma natural e biológica, auxiliando na harmonia com a natureza, possuindo grande eficácia quando comparada a outros métodos mais artificiais. São muito utilizadas na prevenção de acidentes aéreos por “bird strike”, quando uma ave vem a colidir com o avião em decolagem ou pouso.

De acordo com os resultados obtidos por meio de estudos sobre a utilização das aves de rapina para essa prevenção, tem-se que a utilização da falcoaria pode reduzir de 30% a 40% a probabilidade de colisões entre pássaros e aeronaves. A técnica vem alcançando cada vez mais reconhecimento e sua adoção cresce no mundo inteiro. No Brasil é utilizada em aeroportos como o da Pampulha (MG) e do Galeão (RJ).

Sobre a Falcoaria 

A falcoaria é uma arte que cria, treina e cuida de falcões e aves de rapina praticada há mais de 6000 anos, com grande possibilidade de ter sido desenvolvida na China, pois existem muitas referências sobre a sua prática em diversos textos chineses e japoneses datados de antes da Era Cristã. 

Em 2010 a Unesco a declarou como patrimônio cultural imaterial da humanidade numa candidatura apresentada por Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), que, pela primeira vez na história, conseguiu o apoio de 11 países, entre os quais Bélgica, República Checa, França, Coreia do Sul, Mongólia, Marrocos, Qatar, Arábia Saudita, Espanha, Síria e Emirados Árabes Unidos. O reconhecimento da Unesco foi estendido em 2012 a Áustria e Hungria, e em 2016 Portugal foi o 14.º país a ver reconhecida a importância desta prática.

Serviço:

Enfalco – Escola Nacional de Falcoaria

Rua Maria Rosa Moutran, 1205 – Bairro Morada Nova 

Uberlândia / MG

(34) 99300.8718 – Ronivon 

Flavia Salem

About Author

Fundadora e editora-chefe do jornal Circuito Mato Grosso, jornalista e economista.

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