O rebanho bovino de Mato Grosso do Sul, conforme estimativa da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), é um dos maiores do país, com cerca de 20 milhões de animais. Com o objetivo de aprimorar a qualidade dos plantéis, visando produzir animais mais precoces, mais férteis, que tenham bom ganho de peso e produzam carne com maior qualidade, os criadores do estado têm investido cada vez no uso de biotecnologia.
Um dos exemplos deste trabalho é o que vem sendo realizado com a raça senepol, animais taurinos, voltados a produção de carne, originários da ilha americana de Saint Croix, no Caribe, e que foram introduzidos há cerca de 14 anos no Brasil. Em razão de um conjunto de características, como precocidade sexual, acabamento, habilidade materna, quantidade e qualidade de carne, docilidade e grande adaptabilidade as condições climáticas, vem crescendo o número de produtores que estão fazendo a criação da raça no país e os que estão utilizando os animais em cruzamentos com zebuínos, como o nelore, por exemplo.
Em Mato Grosso do Sul um dos produtores que investiu na raça foi Adilson Edson Reich, que implantou em 2001 um criatório em Camapuã, a 126 quilômetros de Campo Grande. Com um plantel de aproximadamente 400 animais, o produtor utiliza várias ferramentas de biotecnologia para promover a seleção de animais e melhorar a qualidade genética do rebanho, como a ultrassonografia de carcaça, exames de fertilidade em machos e fêmeas desde a desmama até que eles atinjam a maturidade sexual e a Fecundação In Vitro (FIV), entre outros, sendo que a mais recente delas é a realização da análise do DNA do rebanho (genotipagem) por meio de pelos das caudas dos animais.
A propriedade de Reich foi pioneira da realização da genotipagem da raça senepol no país, iniciado a utilização da técnica em 2013. Segundo o médico veterinário Clayton Rodovalho Pina, consultor técnico da Zoetis, empresa que desenvolveu o programa de análise de DNA na fazenda, o procedimento consiste em retirar os pelos da cauda do animal e enviar para um laboratório nos Estados Unidos, onde é feito o mapeamento do código genético.
Conforme Pina, esse levantamento, que tem o custo de R$ 120 por animal e que demora em média 40 dias para ficar pronto, pode ajudar o produtor a selecionar os melhores animais com base em cinco características que têm grande importância econômica: conversão alimentar, ou seja, se um animal será mais eficiente que o outro quando se alimenta; maciez da carne, marmoreio da carne (quantidade de gordura entremeada na carne), palatabilidade da carne e índice de palatabilidade.
Com base nestas características, o veterinário diz que é produzido um ranking do rebanho, que é apresentado ao produtor, de modo que o criador tenha condições de identificar facilmente os animais que possuem as maiores possibilidades de rendimento e qualidade.Se tenho 5 tourinhos jovens irmãos próprios oriundos de FIV não saberemos qual deles será melhor antes de termos os seus filhos nascidos e avaliados em um programa de seleção. Quando realizamos o teste podemos tomar decisões como utilizar mais ou menos um determinado indivíduo dentro de um rebanho, exemplifica Pina.
Ele ressaltou ainda que para ter maior eficiência como ferramenta de seleção do rebanho, a genotipagem deve sempre estar atrelada a outras técnicas de seleção, como a pesagem e a avaliação de carcaça por ultrassom, como vem sendo feito na propriedade de Reich. Segundo o criador, na propriedade, 98% dos animais já tiveram o DNA mapeado.Como resultado aprimoramos as características naturais da raça, como a rusticidade, precocidade e adaptabilidade, concluiu o produtor.
G1