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Creche realiza bazar para arrecadar fundos

Neste sábado (8), a Creche Vó Cristina – localizada na Rua B, nº 345, bairro Jardim Mossoró – abre as portas para um bazar para arrecadar fundos para sua manutenção. A creche que já atravessa gerações é administrada por Vanildiely de Melo Silva, 44 anos, a Tia Jane, como a criançada a chama, que precisa se “virar nos 30” para cuidar, em grande parte do tempo sozinha, de 55 crianças de até 14 anos.

O bazar para arrecadar fundos para a creche já está em sua terceira edição; as duas primeiras resultaram na pintura de paredes. Entre bichinhos de pelúcia, roupas, calçados e bolsas, os itens serão vendidos entre R$ 1 e R$ 5. O bazar tem início às 14h e está previsto para chegar ao fim às 19h.

Com o falecimento de sua avó, dona Cristina Pereira de Melo, em 2012, não demorou muito para Vanildiely se enxergar cuidando de sua creche e se ver cercada de crianças. Inclusive foi assim que o Circuito Mato Grosso a encontrou para a entrevista: rodeada de crianças enquanto descascava laranja para os pequeninos. Sua devoção é tamanha que em certos momentos houve breves interrupções para poder cuidar de um deles.

A devoção, entretanto, não surgiu da noite para o dia. Tia Jane confessa que em um primeiro momento não sentiu tanta afinidade com o cargo. Criada pela avó, já ajudava nos cuidados das crianças quando ela era viva, mas a grande responsabilidade veio com o adoecimento de dona Cristina, quando, a seu pedido, tomou conta da creche.

Vanildiely cursava Administração na época, faltando somente dois anos para a formatura, mas, entre dois trancamentos, optou por abandonar o curso para se entregar por completo à creche. Com o falecimento da avó e com o passar do tempo, Jane sentia-se inserida cada vez mais. Em entrevista, ela ainda brinca que hoje enxerga seus filhos na mesma posição que ela anos atrás, quando não gostava tanto da atenção que sua avó dava para as outras crianças.

“Eu não gostava [de cuidar das crianças]. Primeiro porque eu tinha birra com a minha avó, que se entregou totalmente a eles. A gente chegava aqui e era aquele ‘aguenta aí um pouquinho’. Hoje quem fala isso são meus filhos: ‘mãe, pelo amor de Deus, está difícil até de falar com você’. A gente acaba se entregando totalmente”, explica. Ela ainda acrescenta que demorou a entender que, na verdade, a atenção dada por sua avó para as crianças era a mesma que recebia dela.

Apesar de já ter contato com as crianças há um bom tempo, foi com o adoecimento de sua avó que Jane enfrentou sua “prova de fogo”. Do surgimento da doença até a morte, Jane cuidou da creche com auxílio, ainda que distante, de sua avó; foram cerca de três anos de treinamento. Naquela época, eram mais de 80 crianças para serem cuidadas. Para se dividir entre elas e a avó, Jane pedia para mães se revezarem para ela poder realizar as visitas ou qualquer outro compromisso relacionado.

Aliás, são as mães os principais pilares que ajudam a creche a se manter de pé. Tia Jane cuida das crianças sozinha parte da semana, mas às vezes algumas mães e voluntários vão até lá oferecer uma força. Doações também auxiliam na estabilidade da creche, assim na mensalidade de R$ 100 por família, mas ela assegura que se uma família não puder contribuir seus filhos não ficarão de fora e serão cuidados tão bem quanto as outras crianças.

Jane conta que sente uma grande responsabilidade em criar filhos que não são seus e assume que alguns pais e mães são bem protetores – uma mãe, inclusive, ficava vigiando por cima do muro para saber se seu filho estava sendo bem cuidado. A dúvida é facilmente respondida por uma das crianças que já foi cuidada por 14 anos pela creche; seu irmão de 14 ainda segue sob os cuidados de Tia Jane, sendo também um grande ajudante dela.

Dia a dia

Tia Jane chega à creche logo pela manhã para fazer o café da manhã, às vezes um pão ou então um bolinho frito. Mesmo sem ao menos ter finalizado a preparação do café, ela já se preocupa com o almoço, dando os primeiros preparativos. Ela explica que não pode se programar com um cardápio semanal porque “faz com o que tem”.

Quando sozinha, as crianças maiores, entre 12 e 14 anos, a auxiliam na faxina e dando banho nos menores antes de ir para a escola. No período da tarde, as crianças são colocadas para dormir. Somente quando há voluntários ou é sexta-feira que a programação muda e elas passam também a tarde toda brincando entre si.

Como ajudar?

Além do bazar que será realizado neste sábado, há como ajudar através de doações, mas Tia Jane explica que gosta que as pessoas vão até lá para ajudar. Ela acredita que tendo um maior contato com o espaço, a ajuda se torna mais efetiva. Para realizar uma visita, é só ir até a creche, localizada na Rua B, número 345, bairro Jardim Mossoró.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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