Política

CPI do Paletó corre risco de acabar em pizza após aprovação precoce do fim das oitivas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores que investiga o recebimento de suposta propina do ex-governador Silval Barbosa pelo ex-deputado Emanuel Pinheiro (MDB), chamada de CPI do Paletó, está em processo de feitura de massa e já ligou o forno para a pizza, depois que os componentes da referida aprovaram (nesta sexta de manhã) um requerimento do presidente da casa, Justino Malheiros, para encerrar imediatamente as oitivas. Isso sem ter ouvido o principal interessado, o agora prefeito Emanuel Pinheiro.

Entre os integrantes da CPI, o presidente Marcelo Bussiki foi o único a votar contra o encerramento precoce. Ele divulgou vídeo nas mídias sociais lamentando o ocorrido e dizendo que hoje é um dia triste para Cuiabá. Também acusa os vereadores Mário Nadaf (PV) e Adevair Cabral (PSDB) de omissão, além de lembrar que o prefeito evitou a todo custo prestar esclarecimentos sobre o vídeo em que aparece derrubando maços de dinheiro.

Assim, nada de ouvir nomes prometidos semanas atrás, como o ex-deputado José Riva, nem o irmão do prefeito, Marco Polo Pinheiro, nem o hoje famoso Cleberson Coxinha. A comissão negou também requerimento para quebra de sigilos bancário e telefônico de Popó e Valdecir Cardoso, respectivamente.

“Aprovaram requerimento do presidente da Câmara, senhor Justino Malheiros, para se encerrar toda e qualquer oitiva e solicitação de documentos. Tínhamos um prazo de 80 dias para trazer testemunhas e inclusive o prefeito, que fugiu e não quis vir, fugiu e não quis dar explicação nem pra CPI nem pra Cuiabá. É mais um tiro de morte na CPI e mais um capítulo triste para a câmara municipal de Cuiabá”, expõe Bussiki no vídeo.

Como a manobra deu certo, agora a CPI pula etapa e vai à elaboração do relatório final. Também não foi ouvida outra testemunha-chave da história sustentada pelo prefeito, de que a dinheirama que não coube no bolso de seu paletó era para pagamento de pesquisa. Trata-se do irmão dele, Marco Polo Pinheiro, que seria o responsável por esses pagamentos de pesquisa. Foi citado pelo próprio prefeito.

A CPI começou a reboque da investigação conduzida pela Procuradoria Geral da República depois que Silval Barbosa firmou um acordo de delação premiada sobre os esquemas liderados por ele quando chefe do Palácio Paiaguás para pagamento de propinas mensais aos deputados estaduais de Mato Grosso para que estes não travassem as obras da Copa da Fifa 2014.

O recheio e o tempero da pizza começaram a cheirar quando nove dos 11 requerimentos feitos pelos vereadores à CPI foram rejeitados. Os dois aprovados foram o que pede o fim das oitivas e outro para convocação do prefeito Emanuel Pinheiro, que já havia adiantado, pelo seu advogado de defesa, André Stumpf, que não compareceria.

Para Bussiki, o encerramento das oitivas foi uma clara manobra dos dois membros da CPI, com colaboração do presidente da Câmara, para não investigar o prefeito. O presidente da CPI classificou a manobra como operação "abafa explícita", pois tanto Adevair quanto Nadaf e Malheiros são aliados de Emanuel Pinheiro.

Bussiki informou que fará um relatório próprio e estudará quais medidas podem ser tomadas e como recorrer à justiça em busca de um mandado de segurança.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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