O corpo da cantora Loalwa Braz – vocalista do grupo Kaoma e famosa no mundo todo pelo hit "Chorando Se Foi", que foi encontrada morta carbonizada em um carro a 800 metros de sua pousada, em Saquarema – continuava no IML de Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, até a manhã desta sexta-feira, 20.
Segundo um dos funcionários do Instituto Médico Legal da região, a equipe está à espera de algum familiar da cantora para que possa ser feito o reconhecimento por DNA, devido ao estado em que o corpo se encontra.
Procurado pelo EGO por volta das 10h45 desta sexta-feira, 20, o irmão da cantora, Walter Lowal Braz Vieira, preferiu não se pronunciar. Segundo o assessor de imprensa de Loalwa, o marido da cantora, que estava na França, já está a caminho e deve desembarcar no Brasil ainda hoje. "A família está muito chocada e não quer falar nada, com ninguém. Estão revoltados com a crueldade feita", disse ele, complementando que ainda não há previsão de enterro.
Entenda o caso
Na manhã da quinta, 19, o major Domingos do Corpo de Bombeiros de Saquarema, contou ao EGO que foi solicitado combate a um incêndio em uma residência no Bairro Jardins. "Teve um príncípio de incêndio em um imóvel na Estrada da Barreira, no distrito de Bacaxá, na altura do número 3.333. Depois de combatido, recebemos a ligação de um policial solicitando atendimento para combater outro foco de incêndio em um carro nas proximidades. No procedimento de rescaldo do veículo conseguimos identificar a presença do corpo de uma mulher que estava carbonizado."
O incêndio foi em um carro modelo Honda Civic, onde o corpo de Loalwa foi encontrado.
Dois suspeitos acabaram presos horas depois pela polícia e o terceiro envolvido foi preso à noite, ainda na quinta. Um deles, Wallace de Paula Vieira, de 23 anos, trabalhava havia poucas semanas na pousada da artista.
"Eles entraram na pousada, bateram nela com um pedaço de madeira, que já foi localizado. Também apreendemos uma faca e a camisa de um dos elementos com sangue. Ela estava gritando muito, eles resolveram levá-la para o carro. Um deles iria sair com ela do local, mas parece que o carro morreu e eles atearam fogo nela. Ela estava viva no momento que a queimaram. Foi queimada viva. Essa foi a parte mais cruel", disse o delegado Leonardo Macharet, da 124ª DP (Saquarema), responsável pelo caso, que contou sobre o vínculo recente entre o criminoso e a cantora.
"Ele era caseiro dela desde o réveillon. Foi chamado para o movimento de verão, tem então uns 15 dias. A mão de obra em Saquarema está um tanto precária, mas infelizmente ela acabou contratando alguém totalmente sem conhecer e aconteceu isso."
"Quando a ocorrência chegou para a Polícia Militar, o suspeito (Wallace) se apresentou como vítima, como se também tivesse sofrido o roubo, como se fosse vítima e não autor. Começamos a suspeitar porque ele aparentou estar nervoso e depois ele acabou confessando", disse o delegado sobre um dos suspeitos que será indiciado por latrocínio. Segundo o delegado, a dupla não aparenta arrependimento.
"Os presos não demonstram arrependimento e ainda brincaram com a música sucesso dela ('Chorando se foi'). Demonstraram total certeza do que faziam e nenhum arrependimento. É um crime bárbaro, bastante violento, e foge até da normalidade de Saquarema. Vamos trabalhar para prender o terceiro elemento ainda. Não temos o nome, apenas a descrição".
Vida e carreira
A cantora de 63 anos estava em tratamento para curar um câncer. Ela era casada e tinha dois filhos, mas vivia sozinha em um sítio na mesma cidade, já que o marido estava morando na França. De acordo com sua assessoria de imprensa, um dos filhos seguiu para a Região dos Lagos logo após saber da notícia.
De Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, Loalwa foi morar em Paris, em 1985. Casou-se com um francês e passou a cantar jazz em clubes e casas de show francesas. Formou o grupo Kaoma, que cantava reggae e salsa, e se surpreendeu quando foi convidada para cantar lambada.
“Muita gente me criticou porque eu tinha formação clássica e ia cantar música popular”, contou ela, em entrevista ao EGO em 2009.
Talvez por ter sido criada ouvindo ritmos variados, Loalwa não se importou com as críticas e topou o desafio. A lambada explodiu no Brasil no final dos anos 80 e foi levada aos outros países nos anos 90. A cantora começou então seu périplo pelo mundo, fazendo shows em um total de 116 países.
Fonte: G1