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Corpo da jornalista Sandra Moreyra é velado na Zona Norte do Rio

O corpo da jornalista Sandra Moreyra começou a ser velado no início da tarde desta quarta-feira (11) no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Já no início da cerimônia, amigos e colegas de profissão compareceram ao local para se despedir. Sandra tinha 61 anos e desde 2008 lutava contra o câncer. O corpo vai ser cremado no fim de tarde.

O marido de Sandra, Rodrigo Figueiredo, recebeu o apoio e os cumprimentos dos amigos. Ele disse ao G1 que teve uma sintonia com a esposa desde a época de adolescentes quando se conheceram. Rodrigo destacou a força de Sandra.

"Eu conheço ela há 45 anos, começamos a namorar ela tinha 16 anos. Ela era uma pessoa muito forte, com uma riqueza cultural muito grande. Era fantástica na profissão e dentro de casa. Nossas famílias se dão muito bem, nossos pais eram amigos. Foi uma relação muito boa, agora fica a saudade e a lembrança de uma pessoa maravilhosa."

Com 40 anos de carreira, Sandra participou de coberturas jornalísticas de importantes momentos do país. Cobriu a morte de Tancredo Neves, o Plano Cruzado, o acidente radioativo em Goiânia, com césio 137, a tragédia do iate Bateau Mouche, a conferência mundial Rio-92 e a ocupação do Conjunto de Favelas do Alemão.

Em outubro, a jornalista anunciou que descobriu que estava de novo com câncer. "Novamente estou sendo posta à prova. Mais um tratamento para fazer. Eu amo a vida. E vou em frente”, escreveu ela numa rede social.

Sandra enfrentava o terceiro câncer nos últimos sete anos, desta vez no mediastino – região torácica perto do esôfago.

"Carioca e botafoguense. Sou mulher do Rodrigo, mãe da Ciça e do Ricardo, avó do Francisco e do Leon, que vem por aí em novembro", definia-se no Twitter. Casada com o arquiteto Rodrigo Figueiredo, era irmã da também jornalista e diretora da GloboNews, Eugenia Moreyra.

40 anos de carreira
A repórter começou a carreira na Globo em Minas Gerais, na década de 1980. Logo depois, voltou para o Rio de Janeiro e passou a fazer reportagens para o RJTV, o Jornal Nacional, o Globo Repórter e o Bom Dia Brasil.

"Ela estava muito mais forte do que eu poderia imaginar, porque consegui exatamente isso, lidar com a realidade sem querer ser mais do que ela, sem querer aparecer mais. No dia em que fiz aquela matéria foi quando senti: ‘Puxa vida, cresci. Que bom!”, completou.A cobertura que a jornalista considerava mais marcante foi o enterro dos mortos na chacina de Vigário Geral, em 1993.

“Na hora de escrever o texto, a matéria tinha uma carga de emoção tão forte, da dor daquelas pessoas, da violência, que pensei: 'Tenho que botar isso nas palavras mais simples'. Quando a matéria entrou no ar, foi um soco no estômago", relatou ao site Memória Globo.

Entre 1999 e 2004, atuou na GloboNews na parte gerencial e administrativa do jornalismo. No canal, também apresentou o programa Espaço Aberto Literatura. Depois, voltou a ser repórter na TV Globo.

Ela era considerada uma jornalista de múltiplos talentos: na edição, na reportagem e no vídeo. Seu texto era singular, com personalidade.

Luta contra o câncer
Nos últimos anos, chefiou o núcleo de reportagens especiais da TV Globo no Rio de Janeiro. Sem nunca ser vítima, tia Sandrinha, como era chamada pelos seus companheiros de redação, brigou pela vida até o fim.

Em 2008, descobriu e tratou um câncer no esôfago. Voltou ao trabalho e, em 2013, um exame de rotina constatou a volta da doença no mesmo órgão.
Sem voz depois do segundo tratamento contra o câncer, ela escreveu para que outros lessem. Na série de crônicas para o aniversário de 450 anos do Rio, Tony Ramos, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves foram alguns dos que deram voz às histórias que ela contava com tanto capricho. Seu último trabalho foi a série Cariocas Olímpicos.

Com muita dificuldade para engolir, ela nunca perdeu o gosto pela cozinha. Cozinhava, tirava fotos e publicava nas redes sociais.

Magrinha, descia todos os dias a rua de casa a caminho da academia. Quem sabe ganhava um pouco de massa muscular, dizia ela. Observava da janela da sala os tucanos e os sabiás do Jardim Botânico, onde morava. "Hoje mesmo eu ouvi um sabiá cantar feliz debaixo da minha janela. Sábias aves", escreveu no último dia 22. Na semana passada lamentou a queda de uma árvore na sua rua.

Perfil
Sandra Maria Moreyra nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1954, com jornalismo correndo nas veias. O avô, Álvaro Moreyra, era escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, e dirigiu importantes revistas nos anos 1950, como Fon-Fon e Paratodos.

Seu pai, Sandro Moreyra, fez história como um dos mais importantes cronistas esportivos do jornalismo brasileiro. Sua mãe, Lea de Barros Pinto, era professora.

Em 1975, após um concurso, começou seu primeiro estágio, no Departamento de Pesquisa do Jornal do Brasil.

Formou-se em 1976, foi contratada e, em 1978, foi para a reportagem geral do jornal, onde começou a carreira de repórter.

Em 1979, deixou o Jornal do Brasil para acompanhar o marido que trabalhava numa empresa de engenharia e foi transferido para a Argélia.
Engravidou, voltou para o Brasil e começou a trabalhar numa agência de publicidade, onde teve seu contato com o vídeo.

Ida para a TV Globo
Após passagens pela TV Aratu, na época afiliada da Globo, pela TV Bandeirantes e pela TV Manchete, entrou na Globo em 1984, como repórter em Minas Gerais.

No ano seguinte, participaria ativamente da cobertura da eleição e morte de Tancredo Neves. No dia da morte do primeiro presidente civil eleito após a ditadura militar, Sandra Moreyra apareceu no Jornal Nacional acompanhando o cortejo fúnebre.

Em 1986, a jornalista deixou Minas e voltou para o Rio e se tornou uma das principais repórteres da editoria, cobrindo todo o tipo de pauta na região metropolitana.

Além do jornalismo, Sandra assinou o roteiro de "70", documentário sobre 70 presos políticos exilados no Chile na ditadura militar brasileira. Leia mais sobre o filme.

Era uma carioca que amava as coisas do Rio: o carnaval, o samba e o futebol.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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