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Corpo da atriz Vida Alves é velado em São Paulo

O corpo da atriz e escritora Vida Amélia Guedes Alves é velado no Cemitério do Araçá, no Centro de São Paulo, desde as 8h desta quarta-feira (4). A atriz, de 88 anos, pioneira da televisão brasileira, estava internada no hospital Sancta Maggiore desde 28 de dezembro e morreu de falência múltipla dos órgãos por volta das 22h desta terça-feira (3).  

Vida Alves é a atriz que deu o primeiro beijo da TV brasileira, na década de 50, e o primeiro beijo gay, nos anos 60. 

Com mais de 70 anos de carreira, ela começou trabalhando no rádio, passou para as telenovelas, contracenou com grandes nomes como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Eva Wilma e Aracy Balabanian, fez carreira no cinema, apresentou programas na TV e escreveu novelas. Em 1995, ela criou junto com outros artistas a Associação dos Pioneiros Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira (Pró-TV), que busca preservar a memória da televisão brasileira. 

Vida Alves nasceu em Itanhandu (MG), em 15 de abril de 1928, e é avó da cantora Tiê. Sua trajetória é contada na biografia "Vida Alves – Sem medo de viver", de Nelson Natalino, lançada em 2013 pela editora Imprensa Oficial. A saúde da atriz se complicou há um ano, quando se submeteu a uma cirurgia, mas o problema de saúde persistiu. 

Uma das filhas de Vida, Taís, falou ao jornal Hora 1 sobre o legado da mãe. "Vida foi uma inovadora, uma beijoqueira, e eu ainda brincava: 'Vidinha, ainda bem que você não deu o segundo beijo [da história da TV], porque do segundo beijo ninguém fala. Ela foi a primeira beijoqueira". 

Tiê escreveu sobre a morte de sua avó em sua página oficial no Facebook: "Dona Vida Alves fez a passagem. Minha amiga, minha avó, minha parceira, minha musa beijoqueira. 88 anos de muita luz, amor, arte e vida. Vire estrela e descanse em paz. Te amo pra sempre e vou sentir saudades todos os dias", escreveu a cantora. 

A Pró-TV divulgou nota sobre a morte de Vida Alves, a quem chamou de "símbolo da televisão". A atriz presidia a ONG até hoje. "Incansavelmente, ao lado dos colegas de profissão, lutou pela criação de oficial do Museu da Televisão Brasileira, que por 13 anos abrigou dentro de sua casa, e pela preservação da memória da radiodifusão", diz a nota. "Nesse momento difícil, nos solidarizamos com a família de Vida Alves, com seus amigos e colegas da área, que ela sempre fez questão de representar". 

Primeiros beijos
Vida foi entrevistada pelo G1 em 2014, devido ao capítulo final da novela "Amor à vida", em que Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano) protagonizaram o primeiro beijo gay em novelas da Globo. Ela se disse orgulhosa de ter seu trabalho lembrado após a novela e ter ficado emocionada ao saber que pessoas comemorarm a cena nos bares. "Foi suave, romântica e leve". 

O primeiro beijo da TV brasileira foi na novela "Sua vida me pertence", de 1951, na emissora Tupi. O par romântico dela era Walter Forster, que também era diretor. O pudor era tão grande, lembra Vida, que o fotógrafo da Tupi não registrou o momento do beijo – ela diz que o profissional considerou que, de qualquer forma, a imagem não seria publicada na imprensa da época. 

Vida Alves foi pioneira novamente no teleteatro "A calúnia", em que protagonizou um beijo gay com a atriz Geórgia Gomide em 1963. "São coisas que existem, e se bem focadas e realizadas, contribuem para uma sociedade mais aberta e mais consciente", afirmou ao G1. EM entrevista à TV Globo, afirmou: "sinto orgulho de ser elemento formador da televisão". 

Fonte: G1

Redação

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