Uma oportunidade rara, com repertório único, convidados mais do que especiais – e por um bom motivo: os 49 anos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Sob estas nuances, o Coral e a Orquestra Sinfônica da Universidade apresentam, juntos, nesta terça-feira (10) o Concerto Especial de Aniversário. O espetáculo, que acontece no Teatro Universitário, tem início às 20h e os ingressos, gratuitos, serão distribuídos duas horas antes na bilheteria do local.
A oportunidade é rara pois a união dos dois grupos que representam a essência da disseminação e acesso à cultura promovidos pela Universidade é difícil, sobretudo pelas agendas concorridas tanto do Coral quanto da Orquestra. “[O encontro] [e muito rico porque permite que a gente aborde outras tonalidades musicais que juntam a música instrumental e a coral. É complicado montar porque cada um dos grupos tem sua temporada, tem suas ideias prórias, mas no deste ano eu e a Dorit Kolling conversamos e combinamos de unificar as ações com um programa que nos trouxesse prazer, alegria e simbolizasse uma época do ano importante. É uma oportunidade nova de se reanimar, de fazer música nova”, aponta o maestro Fabrício Carvalho, acrescentando que esta união é uma formação muito nobre na música sinfônica porque dá vazão a uma construção textual que une a música instrumental e vocal.
O encontro de Orquestra e Coral, aliás, também é um momento, igualmente raro, de Fabrício Carvalho e Dorit Kolling se encontrarem em cena. “Dorit Kolling é minha parceira há 30 anos, desde quando entrei na Orquestra Sinfônica. Ela foi banca do meu concurso para ingressar como flautista. Nós temos uma parceria bastante sólida e duradoura, de muito respeito e carinho por tudo que ela representa no movimento coral brasileiro como professora e maestrina”, afirma. “É uma honra muito grande e uma alegria pra UFMT ter uma maestrina e professora como Dorit Kolling, que tem formado nos últimos 30 a maioria dos regentes corais de Mato grosso. Para mim também, pois é uma amiga e parceira com quem divido ansiedades e construímos programas juntos”, completa.
Convidados
Além da reunião de Coral e Orquestra, o espetáculo, que inaugura os 49 anos da UFMT e encerra a celebração dos 40 anos da Orquestra Sinfônica, completados em setembro, contará com convidados mais do que especiais: a soprano Iasmin Medeiros, o barítono Talles Matos, a mezzo soprano Helen Luce Campos e o cineasta Luiz Marchetti.
“Iasmim Medeiros é cria da UFMT, foi nossa aluna e é um dos principais nomes da regência do canto mato-gorssense hoje. Vindo de Minas, o Talles Matos é servidor da Universidade, recém ingresso no último concurso. Já a Helen Luce Campos é professora de canto do Departamento de Música da Faculdade de Comunicação e Artes”, conta o maestro.
“O outro convidado especial não é da UFMT, mas tem uma ligação muito profunda conosco, que é o cineasta Luiz Marchetti. Ele vai fazer a narração de duas obras, marcando sua estreia frente à Sinfônica e o Coral num momento fantástico. Tem sido uma experiência muito bacana porque ele traz sua vivência de teatro e de cinema para uma formação musical. Tem sido um encontro muito rico da nossa parte e tenho certeza que da parte dele porque é uma experiência nova”, relata.
Repertório
O programa do Concerto de Aniversário será aberto por “Carmina Burana”, de Carl Orff, regido por Dorit Kolling. “É uma obra dificílima que a maestrina rege com genialidade”, conta Fabricio Carvalho. Os manuscritos que deram origem à cantata foram encontrados em 1803 no convento de Benediktbeuern, na Bavária alemã. Os cantos profanos foram escritos alternando latim medieval, alemão e provençal por monges errantes e desiludidos com as corrupções do clero.
Na sequência, os grupos apresentam “Magnificat-Alleluia “, peça sacra de Heitor Villa-Lobos, composta em 1958 em homenagem ao Papa Pio XII. A obra contempla a passagem bíblica da visita de Maria para Isabel, sua parente, descrita no Evangelho de São Lucas, com a oração “Minh’alma engrandeçe ao Senhor”.
“Terras de Manirema”, música de Ronaldo Miranda e texto de Orlando Codá, retrata um ambiente paradisiaco e lúdico, com todas as características conservadas, mas que sucumbe ao desregramento do uso e acaba por não existir mais.
O espetáculo será encerrado por “Cantata de Natal”, de Ricardo Tacuchian, na qual o autor procurou criar um clima de Natal fluminense e carioca, com as lapinhas que interpretam o sentimento do catolicismo popular do Rio de Janeiro, sem perder o caráter universal da festa. “Esta cantata está sendo montada em três lugares específicos e quatro montagens: duas no Rio de Janeiro, uma em Minas Gerais e uma em Mato Grosso. Ricardo Tacuchian está completando 80 anos este ano é um dos principais compositores brasileiros. Ele e Ronaldo Miranda estão vivos e é muito importante para música brasileira fazer compositores vivos e ambos desejarem boa sorte para gente”, sinaliza o maestro.
Com tantos elementos desafiadores, as expectativas são as melhores. “Unificar as forças é muito bom. Confesso que me preparo muito para reger o Coral e a Orquestra porque o Coral vem muito bem preparado pela maestrina Dorit Kolling. Não tenho dúvida nenhuma que será um espetáculo de muita grandeza”, finaliza.