Quem estava esperando pelo pacote de incentivos, prometido pelo governo federal, para a compra de um veículo zero-quilômetro, pode ser surpreendido, com descontos acima do previsto, neste primeiro fim de semana de vigência da medida. Nesta sexta-feira (9), o movimento nas concessionárias era tanto, que os vendedores mal conseguiam atender aos telefonemas de seus clientes.
A estimativa, segundo os próprios profissionais, é de que um número de pessoas duas vezes maior do que o dos dias das semanas anteriores tenha passado pelas concessionárias, para conferir os preços ou já fechar a compra de um carro novo.
O "mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos sustentáveis", anunciado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), na última segunda-feira (5), estabelece reduções entre R$ 2.000 e R$ 8.000 dos preços dos veículos. Ele entrou em vigor no dia seguinte, com a publicação da MP (Medida Provisória) nº 1.175 no DOU (Diário Oficial da União).
Com o objetivo de atrair ainda mais consumidores, montadoras e concessionárias estão oferecendo benefícios adicionais, como descontos maiores, facilidade no financiamento, itens opcionais gratuitos, entre outros "mimos". Anúncios das promoções estão nas redes sociais e nas páginas das redes de lojas na internet, com promessas de cobrirem qualquer oferta ou de não perderem nenhum negócio.
Alguns modelos já saem direto das montadoras com descontos maiores, alguns acima de R$ 20.000. Os mais acessíveis continuam sendo as versões mais simples do Renault Kwid Zen e do Fiat Mobi Like, ambos com redução de fábrica de R$ 10.000, e custando exatamente os mesmos preços: eram vendidos a R$ 68.990, e agora podem ser comprados por R$ 58.990, segundo informações divulgadas nos sites das empresas.
Há casos de fabricantes que baixaram os preços de modelos de valor mais alto, para que pudessem entrar no programa. Foi o que aconteceu com o Citroën C4 Cactus Feel 1.6 automático, que custava R$ 130.990 (preço de tabela), e R$ 125.915, segundo a Fipe. Antes do anúncio da medida, a montadora reduziu o valor para R$ 113.990 e, agora, com o desconto do governo, de mais 4%, está R$ 109.990. A redução total foi de R$ 21.000. O modelo 2022/2023 do mesmo carro, que custava R$ 106.833, está com preços a partir de R$ 100.990.
Outro caso que supera o desconto do governo é o do Citroën C3 1.0 First Edition, que saía por R$ 88.990, e pode ser comprado por R$ 74.490, ou seja, ficou 16,3% mais barato, uma diferença de R$ 14.500.
É importante lembrar que esses são os valores com os descontos concedidos pelas montadoras, mas as concessionárias também podem oferecer vantagens aos clientes, nas compras feitas presencialmente.
Além disso, quem quiser aproveitar os preços mais baixos, não pode perder tempo, porque há um limite de valor para os descontos, de R$ 500 milhões. "O programa que havia sido anunciado antes previa quatro meses de duração, com investimentos de R$ 2 bilhões só para o carro popular. Na edição final, acabou contemplando ônibus, caminhão e carros de até R$ 120.000, e o que, inicialmente, era para ser R$ 2 bilhões para os carros passou para R$ 500 milhões. Com isso, temos menos veículos à disposição”, alerta Ney Faustini, diretor da Concessionária Chevrolet Absoluta, que tem duas unidades em São Paulo, uma em Caieiras e três na Baixada Santista.
Para ele, os carros incluídos no pacote governamental devem acabar em um mês. "Acho que a urgência é o mais importante agora", falou.