Por maioria de votos, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) acolheu a reclamação feita pelo McDonald’s e decidiu nesta quinta-feira (10) pela sustação das duas propagandas do Habib’s que mostram um palhaço que lembra o Ronald McDonald, o mascote da gigante de fast food.
Segundo informou o Conar, o comitê de ética do órgão entendeu que houve "denegrimento da imagem do McDonald’s", contrariando normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária no que diz respeito à propaganda comparativa.
Um dos comerciais já tinha sido suspenso por uma decisão liminar do relator do processo no Conar. Agora, além do filme "Novos Beirutes Habib’s", também foi recomendada a retirada de veiculação do comercial “Leilão”.
A decisão é de primeira instância e ainda cabe recurso ao próprio Conar.
Procurado pelo G1, o Habib´s informou que "respeita e acata todas as recomendações do Conar", acrescentando que os comerciais criados pela agência Publicis já não estavam mais sendo veiculados.
Já o McDonald’s comemorou o resultado do julgamento: "Enaltecemos a decisão do CVonar, que cumpriu seu papel como entidade autorreguladora da publicidade brasileira".
A reclamação
O McDonald’s acusou o Habib´s de denegrir a imagem da empresa, de publicidade comparativa irregular e de uso não autorizado de marcas registradas.
O processo foi aberto no dia 14 de outubro no Conar, após o McDonald’s pedir a retirada do ar das duas propagandas. No filme “Leilão”, lançado em julho, um palhaço e um rei (símbolo do Burger King) num duelo de lances de preços mais baixos com o gênio da lâmpada (personagem do Habib’s).
Já no segundo filme, "Novos Beirutes Habib’s", lançado em meados de setembro, o palhaço e o rei comandam um show para uma plateia desanimada e fazem uma paródia ao jingle do Big Mac.
O Burger King não apresentou queixa ao Conar. Procurado pelo G1, a rede disse que "não se posiciona sobre campanhas da concorrência".
Após reclamação, Habib´s lançou nova versão de comercial
No começo do mês, após o Conar conceder liminar contra a campanha, o Habib´s lançou em sua página no Facebook uma nova versão do filme "Novos Beirutes Habib’s". No vídeo, as cenas originais da paródia são substituídas por um "comunicado oficial”.
No texto, a marca diz: “A concorrência não ficou muito contente e pediu para tirar a parte mais engraçada desse comercial…mas não se preocupe… conseguimos manter a parte mais gostosa”. Na sequência, são mostrados os beirutes anunciados pela campanha.
Como funciona o Conar
As medidas do Conar não têm força de lei e o conselho não tem poder de determinar multas. Mas, em geral, as decisões recomendando alterações ou retirada da propaganda do ar costumam ser sempre atendidas pelos anunciantes e agências de publicidade. O órgão informa que desde a sua fundação, em 1978, já instaurou mais de 9 mil processos éticos, que nunca foi desrespeitado pelos veículos de comunicação e que "nas raras vezes em que foi questionado na Justiça, saiu-se vitorioso".
O Conar abre processos a partir de denúncias de consumidores, autoridades, anunciantes, dos seus associados ou ainda formuladas pela própria diretoria.
Se a denúncia tiver procedência, o Conselho de Ética do órgão Conar recomenda aos veículos de comunicação a suspensão da exibição da peça ou sugere correções à propaganda. Pode ainda advertir anunciante e agência.
Os casos costumam levar mais de um mês para serem julgados. Mas o Conar pode recomendar a sustação imediata nas situações de infração flagrante ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
O Conselho de Ética está dividido em oito Câmara, sediadas em São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Recife e é formado por 180 conselheiros, recrutados entre profissionais de publicidade e representantes da sociedade civil.
Fonte: G1