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Como repreender um gato?

Por Eduarda Piamore, Técnica em psicologia, educação e adestramento canino e felino.

O momento oportuno para indicar ao seu gato uma conduta inadequada ou indesejada é logo após a execução da mesma. No entanto, tão importante quanto saber quando corrigir um gato é entender como fazê-lo da maneira correta. Nesse sentido, você deve ter claro que a correção só tem um propósito educativo quando se limita a sinalizar, por meio de palavras ou gestos, uma conduta ou ação que seja perigosa ou destrutiva, seja para você, para sua casa ou para o próprio felino.

Assim, corrigir um gato jamais deve envolver a privação de suas liberdades básicas, tampouco a exposição a qualquer tipo de violência ou humilhação. Para te ajudar, neste artigo do PeritoAnimal, explicamos como corrigir um gato quando ele se comporta mal, sem comprometer seu bem-estar ou o vínculo entre vocês. Continue lendo!

Quando punir um gato?

Antes de saber como corrigir um gato quando ele morde ou se comporta mal, é necessário entender que essa ação corretiva só surtirá o efeito desejado quando realizada imediatamente após a prática da conduta inadequada. Assim, se você deseja mostrar ao seu gato que morder não é um comportamento aceitável durante uma sessão de brincadeiras, deve indicá-lo imediatamente após a mordida. Dessa forma, você garante que o seu gato possa associar sua reação ao comportamento que você está tentando corrigir (morder durante a brincadeira, neste caso).

Se você repreender seu gato por uma conduta que ocorreu vários minutos ou até horas antes, ele não conseguirá entender o motivo da repreensão. Como consequência, seu comportamento só gerará confusão, estresse ou até medo. E se essa situação se repetir diariamente, o mais provável é que seu gato acabe desenvolvendo medo de você, o que prejudicará o vínculo entre vocês e dificultará o processo educativo.

Quando NÃO corrigir um gato?

Nos próximos parágrafos, falaremos sobre como corrigir esses e outros comportamentos inadequados em nossos felinos. Mas, antes disso, é importante esclarecer que o uso de repreensão e qualquer tipo de correção não é eficaz nem aconselhável para inibir comportamentos instintivos dos gatos. Essas condutas são inerentes à natureza felina e desempenham um papel crucial na comunicação dos gatos, de modo que tentar eliminá-las seria uma violação de suas liberdades básicas.

Da mesma forma, comportamentos relacionados ao desejo sexual, como marcação, monta e fuga, podem ser atenuados por meio de uma castração precoce. Se você deseja saber mais sobre esse procedimento e o melhor momento para realizá-lo, consulte: “Benefícios de castrar um gato“.

Como repreender um gato? - Quando punir um gato?

Tipos de punição em gatos

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o termo “castigo” tem um significado específico — e distinto da concepção popular — dentro do adestramento felino e canino. Geralmente, as pessoas tendem a associar o ato de castigar a expor um indivíduo a estímulos ou circunstâncias desagradáveis, ou até mesmo dolorosas. Se reduzíssemos o conceito de “castigo” a esse entendimento, é evidente que não haveria uma metodologia correta ou aceitável de como castigar um gato quando ele se comporta mal. Isso porque expor um animal, independentemente de sua espécie, a esse tipo de contexto negativo tem um efeito contraproducente na sua educação e na sua saúde física e mental.

No entanto, no universo do adestramento, existem diferentes tipos de castigos em gatos, que se subdividem em dois grandes grupos:

  • Castigo positivo: consiste em adicionar um estímulo desagradável ou aversivo ao ambiente do gato. Por exemplo, gritar com ele, bater nele ou trancá-lo depois que ele tenha feito algo que se considera “errado”. Portanto, esse tipo de castigo em gatos é o que mais se assemelha à concepção comum de castigar.
  • Castigo negativo: sua aplicação pressupõe eliminar do ambiente do gato um estímulo agradável ou prazeroso. Por exemplo, interromper imediatamente uma sessão de brincadeiras quando seu gato te morde, com o objetivo de mostrar-lhe que, ao morder, ele será privado de algo que lhe traz prazer (a brincadeira, nesse caso).

O uso do castigo positivo em gatos e cães está cada vez mais desaconselhado, pois implica expô-los a emoções negativas, como medo e estresse, que afetam muito negativamente sua saúde, comportamento e o vínculo com seus tutores. No entanto, o uso adequado do castigo negativo pode ser necessário em certas situações. Por exemplo, se percebemos que um gato está prestes a ingerir algum alimento ou planta tóxica para ele, ou se está mastigando um cabo que conduz eletricidade, é evidente que devemos agir rapidamente para privá-lo desse estímulo e, assim, prevenir danos à sua integridade. Logicamente, a chave está em saber como fazer isso da maneira correta, sem ferir o gato ou gerar uma reação negativa que possa ser tão perigosa quanto a ação que desejamos evitar.

Como corrigir um gato quando ele se comporta mal?

A chave para educar corretamente um gato está em entender que apontar uma conduta inadequada é apenas o primeiro passo, mas não é suficiente para evitar que a mesma se repita. Para isso, é necessário apresentar ao gato a alternativa correta, ou seja, ensinar-lhe qual é a maneira mais adequada e segura de satisfazer suas necessidades ou desejos. Para alcançar esse objetivo e saber como corrigir um gato quando ele se comporta mal, é importante seguir os seguintes passos:

  1. Apontar a conduta inadequada. Para isso, não é necessário recorrer ao castigo positivo, seja por meio de gritos ou do uso de qualquer tipo de violência ou ameaça. Basta dizer um firme “NÃO!” imediatamente após a execução da conduta inadequada para indicar que essa atitude não é aceitável. Em alguns casos, pode-se empregar o castigo negativo, privando o seu felino de um estímulo agradável, para que ele entenda que a execução dessa conduta não resulta em nenhuma recompensa. Por exemplo, se o seu gato te morde brincando, além de dizer firmemente “Não!”, deve-se interromper imediatamente a brincadeira, o que, como vimos, implica privá-lo de um estímulo prazeroso.
  2. Apresentar a alternativa correta. Por mais inteligentes que sejam, os gatos não conseguem aprender sozinhos o que significa, para os humanos, comportar-se bem ou mal. É nossa responsabilidade, como tutores, ensinar aos nossos felinos quais comportamentos consideramos adequados e quais não. Assim, além de mostrar ao seu gato que ele não deve se comportar de determinada maneira, é necessário mostrar-lhe como você espera que ele se comporte. Continuando com o exemplo anterior, após comunicar ao seu gato que ele não deve te morder, será preciso oferecer-lhe recursos adequados para esse fim, como um brinquedo ou um mordedor.
  3. Reforçar os comportamentos adequados. Sempre que o seu gato realizar a conduta ou comando que você está tentando ensinar, ofereça-lhe uma recompensa para facilitar que ele associe essa ação à obtenção de algo prazeroso. O reforço positivo é muito mais eficaz do que qualquer tipo de castigo em gatos, justamente porque se concentra em favorecer a assimilação de comportamentos desejáveis, mantendo os felinos motivados a progredir no aprendizado. No entanto, é importante variar o tipo de prêmios que você oferece ao seu gato (não usando sempre comida como motivação), além de reduzir progressivamente sua oferta, à medida que o felino for incorporando a conduta à sua rotina.
  4. Evitar incentivar comportamentos indesejados. Quanto mais cedo você começar a educar seu gato, mais rápida e simples será a assimilação de qualquer comportamento, comando ou tarefa que deseja ensinar. Por isso, o ideal é que a educação do gato comece logo após sua chegada ao lar, preferencialmente desde a tenra idade. Além disso, é fundamental não incentivar nos filhotes de gato comportamentos que não desejamos ver refletidos no comportamento de um gato adulto. Para te ajudar nesse processo, preparamos o seguinte guia: “Como educar um gato desde filhote?

Por último, mas não menos importante, tenha em mente que, muitas vezes, a manifestação de comportamentos destrutivos em gatos é impulsionada pela necessidade de liberar um excesso de energia. Isso ocorre com particular frequência quando o felino vive em um ambiente empobrecido, onde não encontra os recursos mais apropriados e seguros para gastar energia e se entreter. Por isso, enriquecer o ambiente do seu gato é extremamente importante para a manutenção de um comportamento equilibrado e uma boa qualidade de sono. E se você não sabe bem por onde começar, confira nossos conselhos em: “Enriquecimento ambiental para gatos”.

Foto: reprodução site https://www.peritoanimal.com.br/como-repreender-um-gato-25241.html

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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