Economia

Com gargalos na área de transporte, pecuaristas enfrentam prejuízos

 
“E está previsto bater uma crise na porta do Brasil. Se ela vier, o consumo interno pode ficar prejudicado e aí vai por água abaixo toda esta teoria otimista”, sinaliza o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari. 
 
Ainda há a falta da mão de obra especializada e a dificuldade de transporte, com municípios que ficam a 1,3 mil km de Cuiabá, como Vila Rica e Apiacás, o que priva o produtor de gado de alcançar uma melhor renda. 
 
Tendo em vista, ainda, o custo dos utensílios de manuseio mais caro do Brasil, como o óleo diesel e o sal mineral, e na hora de vender os seus animais eles acabam vendendo pelo valor de arroba de boi mais barato do país por conta da dificuldade da logística, sem condição para escoar o produto.
 
“O problema maior do pecuarista é a estrada intransitável no período de chuva, de outubro a maio, com atoleiros, e na seca é ponte caindo, estradas esburacadas e poeira. A carne chega com hematomas nos frigoríficos, e isto é descontado do pecuarista. E agora estamos sofrendo com a morte súbita da braquiária (capim para pastagem), então é preciso reduzir o rebanho”, avalia o pecuarista Jorge Basílio, do município de Juína (a 754 km da capital).
 
Ou seja, o grande gargalo continua sendo o problema de transporte, que custa ao pecuarista até R$ 150 de prejuízo por cabeça de gado, principalmente na região Norte do Estado. E há três anos esta problemática se estendeu a outro maior, que é em como acessar a tecnologia, principalmente a assistência técnica, o que prejudica a renda do pecuarista, avalia Luciano Vacari. 
 
“A gente vive um bom momento da pecuária quando se analisa preço. Só que a realidade apontada pelos pecuaristas é a de que ‘eu não compro o que eu gostaria de comprar. Eu compro aquilo que posso comprar’. Sabemos que a atividade se faz de renda, que é a diferença de quanto custa e por quanto você vende, e apesar de os preços terem se recuperado nos últimos meses, os custos para obter o produto final subiram inexplicavelmente”, acrescenta Vacari.
 
Apenas 20% da produção são exportados 
 
Mato Grosso é dependente da exportação e apenas 20% do que é produzido no Estado são exportados. Diante deste bom momento de preço, a arroba de gado (15 kg) está em R$ 115, sendo no ano passado estava em R$ 100. Vale lembrar que quem faz o preço é a oferta e a demanda.
 
Do ponto de vista da oferta é observado um momento equilibrado já há dois, três anos. E do ponto da demanda, a cada ano é crescente o número de exportações, e também são acessados novos países compradores de carne, e o mercado interno, que é o maior e que movimenta a economia da pecuária do Brasil, está melhorando ano após ano. A justificativa quanto a esta oportunidade de mercado, segundo Vacari, é a melhor distribuição de renda no país.
 
“No entanto, a renda do pecuarista está comprometida. De nada adianta você ter um momento bom de preço e ter um momento ruim de renda”, aponta o superintendente da Acrimat.
 
Por que o momento da renda está ruim? A resposta é que ficou muito mais caro para se produzir, quanto à aquisição do óleo diesel, mão de obra, insumo, sal mineral, ou qualquer outro meio de produção. 
 
A vantagem do momento, para a sustentação do preço, é o fato de alguns países concorrentes do Brasil estarem passando por dificuldades, a exemplo dos EUA, o maior exportador de carne do mundo, que está com o rebanho reduzido. A Argentina, que tinha um espaço consolidado no mercado internacional, está sofrendo por uma intervenção política que desestabilizou o seu mercado externo. Ainda, a Austrália vem sofrendo com a seca, ano após ano, e o Uruguai que tem uma oferta limitada.
 

Redação

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