Parte dos consumidores já sabe o que vai fazer com o dinheiro do Auxílio Brasil, pago em parcelas de R$ 600. Uma pesquisa da Asserj (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro) mostrou que a carne e o leite estão no topo da lista de prioridade dos beneficiários. A ajuda de renda, com o aumento de R$ 200 até dezembro, passando de R$ 400 para R$ 600, começou a ser paga no dia 9 de agosto.
Segundo a pesquisa, 76% dos entrevistados deixaram de comprar itens essenciais de alimentação e higiene nos últimos meses. Entre essas pessoas, 80% não estavam consumindo carne bovina e 57%, leites e derivados.
Os beneficiários pretendem voltar a consumir ainda: carne de frango (45%), produtos de limpeza (44%), pães, bolos e biscoitos (43%), produtos de higiene pessoal (41%), refrigerante e cerveja (38%), café (36%) e outras proteínas, como o ovo (36%), carne suína (29%) e peixe (26%).
Entre as pessoas ouvidas nos supermercados, 42% recebem ajuda financeira de algum programa de complemento de renda do governo federal. A maioria, 92%, conta com a ajuda do Auxílio Brasil. Enquanto, uma percela menor recebe Vale-Gás (31%), Auxílio Caminhoneiro (1%) ou Bem-Taxista (3%).
Quase metade dos beneficiários dos auxílios (47%) vai gastar o valor total nos supermercados. Já 26% planejam usar até R$ 300 do valor, 10% até R$ 500 e 4% até R$ 100. As compras deverão ser majoritariamente feitas em supermercados, hipermercados ou atacarejos (82%). Apenas 14% preferem minimercados ou mercearias de bairro.
O restante do dinheiro que não será usado em alimentação irá para a compra de botijões de gás (82%), outras contas mensais (72%), pagamento do cartão de crédito (37%) e gastos com saúde e remédios (13%).
Mas 13% dos beneficiários não planejam gastar nada da quantia recebida com alimentos e bebidas. Essas pessoas também já têm destino certo para os auxílio recebido, 80% vão usar o valor recebido para pagar o cartão de crédito e 37% as contas do mês.
A pesquisa também mostrou que 64% dos beneficiários não precisou eliminar estes produtos das suas compras nos últimos meses, mas, com a renda extra, pretendem aumentar a quantidade da carne bovina (79%), leite e derivados (60%), café e produtos de limpeza (41%), refrigerante e cerveja (40%), pães, bolos e biscoitos (34%), produtos de higiene pessoal (32%), peixe (31%), ovos (30%) e carne suína (29%).
Inflação
De acordo com o presidente da Asserj, Fábio Queiróz, "desde maio, o setor de supermercados vem registrando alta, o que deve se manter com o aumento do Auxílio Brasil. A sondagem confirma esta tendência e aponta, principalmente, os produtos que foram mais afetados pela inflação nos últimos meses, caso da carne bovina, e do leite, impactado ainda por fatores sazonais. O setor está otimista com um aumento do consumo nos próximos meses”.
A prévia da inflação para agosto, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou uma queda de preços de 0,73%. Em em ano, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) acumula alta 9,60%, percentual abaixo dos 11,39% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Apesar da desaceleração do índice, alimentos e bebidas continuam sendo impactadas pelo aumento. Ainda segundo a prévia da inflação, o grupo registrou alta de 1,12% em agosto. Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 14,71%.
Alguns alimentos citados pelos entrevistados acumulam altas significativas nos últimos 12 meses, como o leite (69,73%), café moído (53,22%), biscoito (19,91%), frango em pedaços (19,38%), bolo (19,04%), panificados (18,33%), ovo (17,39%), artigos de limpeza (16,21%), higiene pessoal (10,42%) e cerveja (9,26%).
Hábitos de consumo
Do total de entrevistados, 29% disseram que costumam ir ao supermercado uma vez por semana, 27% vão apenas uma vez por mês, 25% vão mais de uma vez por semana e 18% a cada 15 dias. Seis em cada dez consumidores afirmaram que aumentaram a frequência de idas ao mercado nos últimos meses em busca de promoções.
Cerca de 60% dos entrevistados disseram sempre pesquisar os preços antes de fazer compras de supermercado. Os encartes são os preferidos para este fim (64%), seguido pela internet (49%), ida ao mesmo mercado atrás de promoções (34%) ou mais de um mercado (20%).
A sondagem foi realizada nos dois últimos fins de semana de agosto (13/14 e 20/21), com consumidores em quatro supermercados da zona norte e zona oeste do Rio de Janeiro.