A recuperação do mercado global de petróleo em meio à pandemia de covid-19 era visível do espaço, caso o observador soubesse onde olhar: apenas dois meses depois de os preços do petróleo caírem abaixo de zero, um grande número de superpetroleiros navegava para os portos da China — um reflexo das compras de tradings do país que aproveitavam barris a preços baixos.
Agora, o mercado físico de petróleo, onde os barris reais são comercializados, aposta que clientes chineses voltarão a marcar presença. Na verdade, alguns já começam a entrar no mercado, depois de desacelerarem as compras em agosto e em setembro para absorver o volume recorde de petróleo que compraram no início do ano.
“A China está absorvendo barris em um ritmo sem precedentes”, disse Michael Tran, estrategista de commodities da RBC Capital Markets. O país “apresentou uma impressionante recuperação pós-covid, desempenhando indiscutivelmente o papel mais importante para ajudar a reequilibrar o mercado global de petróleo”.
Para a Arábia Saudita, a Rússia e o restante da aliança Opep+, a China é fundamental para seus planos. Em menos de dois meses, o cartel deve decidir se vai eliminar gradualmente os cortes de produção, potencialmente adicionando 2 milhões de barris por dia de oferta extra em janeiro. Sem a demanda extra da China, o mercado terá dificuldades para absorver esse petróleo.
Operadores físicos de petróleo das Américas, Europa, Rússia, África Ocidental, Mediterrâneo e Mar Negro dizem que as importações da China têm sido moderadas recentemente, embora com sinais de aumento das compras para entrega a partir de janeiro. Além disso, o mercado soube nesta semana que um braço da megarefinaria chinesa Rongsheng Petrochemical comprou pelo menos 7 milhões de barris de petróleo do Oriente Médio para sua unidade ampliada na província de Zhejiang.
Se as compras da China forem retomadas após o feriado da Semana Dourada no início deste mês, especialmente com margens de refino aparentemente mais saudáveis, isso poderia sustentar os diferenciais para o petróleo Espo do leste asiático e Omã do Oriente Médio, disse a Energy Aspects em relatório de 12 de outubro.