Conforme dados da FAO, órgão das Nações Unidas para Alimentação, a carne suína é uma das mais consumidas em todo o mundo. Só na Europa, por exemplo, a população consome cerca de 45 kg per capita, diferente do Brasil, onde se ingere em média 15,1 kg, e em Mato Grosso esse número cai para 12 kg.
Este baixo consumo é reflexo que vem desde a década de 1970, época em que se consumia muita banha. Com a chegada dos óleos vegetais, o marketing foi muito bem feito em função dos supostos malefícios do produto. No entanto, criadores afirmam que tudo não passa de paradigmas e que a carne suína é uma das mais saudáveis.
O diretor executivo da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, sustenta a afirmação dos criadores equiparando-a ao grupo das carnes brancas. “Deve-se quebrar estes paradigmas de que a carne suína não é saudável. Hoje, a criação dos animais é diferente das oferecidas antigamente. O porco é alimentado por ração com proteínas e tem pouco acesso a terra, por isso não há aquela necessidade de cozinhar ou fritar demais a carne para se ter estes cuidados”, disse.
Ele ainda explica que foi comprovado que a carne suína tem maior digestibilidade que muitas verduras, e que brasileiros podem comê-la sem receios. “A carne suína é a mais saudável, deliciosa e consistente. Não é à toa que ela é a mais consumida no mundo. Então, essa cultura aqui no Brasil deve ser mudada, pois não haverá nenhum prejuízo aos consumidores”.
No entanto, a cultura contrária à carne ainda é forte no país. A imagem de que o porco vive em chiqueiros, junto com restos de comida e lama, personifica a forma em que os animais são criados, prejudicando o mercado interno da suinocultura.
Custódio explica que em Mato Grosso as leis que regem sobre as condições sanitárias das granjas são as mais exigentes do mundo. E que a população pode desmistificar a criação dos animais. “Os animais quase não têm contato com terra nenhuma, o milho que eles comem obrigatoriamente tem que ser tipo A, não pode ser nenhum tipo de fungos. E basicamente eles comem milho, farelo de soja e nutrientes. Então a qualidade dos animais é excepcional”.
No entanto, ele alerta aos compradores da carne que se certifiquem quanto à procedência do produto antes de levar para casa. E ainda destaca sobre a má fiscalização da vigilância sanitária, principalmente de Cuiabá. “O que nós recomendamos às pessoas é que elas vão a um lugar onde se sabe a procedência da carne. Mas nada implica o local, no entanto, infelizmente tanto no governo municipal quanto no estadual ainda existe uma negligência nas questões sanitárias para a população, Infelizmente aqui, especificamente em Cuiabá, a vigilância sanitária nossa é um horror”.
Fiscalização só é feita nos mercados e açougues
A diretora de Vigilância e Saúde de Cuiabá, Silvana Miranda, informou que as inspeções da carne só são feitas quando o produto já está nos mercados, ou açougues da cidade. A equipe verifica o condicionamento, a procedência da criação, além da localidade do abate, no entanto, não vai aos abatedouros.
Miranda explicou que a fiscalização dos locais fica por conta do Ministério da Agricultura e que, caso haja abatedouros clandestinos, a inspeção só é feita após uma denúncia. Contudo, nos últimos meses não houve queixas por parte da população.