A conversa gravada entre os delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud, em que são citados ministros do Supremo Tribunal Federal, agride de maneira inédita a dignidade institucional do STF e a honra dos integrantes da corte. A afirmação é da presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, que enviou ofícios à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República em que exige a investigação imediata dos fatos, com definição de datas para o início e fim das apurações.
O objetivo, disse a ministra, é que “não fique qualquer sobra de dúvida sobre a dignidade do STF”. “Impõe-se, pois, com transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado”, ressaltou.
No diálogo, gravado antes do início das negociações com a Procuradoria-Geral da República para firmarem acordo de delação premiada, eles falam sobre suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na elaboração de propostas de colaboração para serem fechadas com a PGR. Eles também conversam sobre como agir e quais ministros do Supremo poderiam facilitar a colaboração.
O áudio foi entregue pelos delatores na última quinta-feira à procuradoria como um dos elementos de prova contra o presidente do PP, senador Ciro Nogueira.
O PGR, Rodrigo Janot, classificou os áudios como “gravíssimos” e instaurou procedimento de revisão de colaboração premiada de três dos sete executivos do grupo J&F.