Economia

Campos Neto reforça manutenção da Selic, mas BC acompanha piora fiscal

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta terça-feira o termo “notícias fiscais” ao falar da inclinação recente na curva de juros, conforme apresentação exibida em encontro por videoconferência com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e divulgada à imprensa.

Nesta terça-feira, o BC frisou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) estar atento à piora do quadro fiscal e suas implicações para a política monetária.

Embora tenha repetido que as condições para a orientação futura (forward guidance) de não elevação da Selic seguem satisfeitas, o BC afirmou que alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação dessa orientação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido.

Na apresentação desta tarde, Campos Neto repetiu que o forward guidance continua vigente, já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.

No documento, ele também exibiu um gráfico com o histórico do dólar frente ao real de 2016 para cá, no qual destacou marcos relacionados a reformas e outros ligados a choques nos mercados.

Em 2017, ano em que destacou um patamar de 3,13 reais para o dólar, Campos Neto chamou a atenção para a aprovação do teto de gastos, mudanças na política de terceirização e na legislação trabalhista, além da nova política para a taxa de juros que referenciava empréstimos do BNDES, a TLP.

Em 2018, ele destacou a greve dos caminhoneiros antecedendo um período de dólar mais alto (4,16 reais), ao passo que em 2020 citou a aprovação da reforma da Previdência como um evento que precedeu um patamar mais baixo para a divisa norte-americana.

Para 2020, Campos Neto destacou o patamar de 5,08 reais para o dólar antes da pandemia de coronavírus, de 5,20 reais algum tempo depois e, mais recentemente, de 5,78 reais.

O presidente do BC também mencionou a recomendação de cautela na política monetária ao falar do espaço para atuação convencional no caso brasileiro, reiterando que “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26