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Cabeleireiro fatura R$ 5 mil por mês na favela de SP

Após seis anos morando na comunidade de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, o cabeleireiro Valdivan Lima Sousa, de 39 anos, viu uma oportunidade de negócio. Cercado pelas “mulheres mais vaidosas do Brasil”, ele decidiu abrir o próprio salão de beleza no centro da comunidade. “E como elas gostam de gastar, viu?”, brinca o profissional, comemorando o sucesso do salão Val & Coffee Hair Design.

Máquinas de débito e crédito foram dispensadas e o pagamento é só em dinheiro. Engana-se quem pensa que Sousa passa o dia driblando pedidos de fiado ou desconto. “Aqui o povo não é fresco e muito menos ignorante. Minhas clientes têm internet e chegam aqui pedindo cabelo de atrizes internacionais. Deixo elas com a cara da riqueza”, diz aos risos enquanto atende uma cliente.

Hoje, nove anos depois da inauguração, Sousa conta que mantém clientes fiéis e não encontra dificuldades para pagar o aluguel de R$ 1,3 mil. O investimento inicial de R$ 800 foi logo recuperado e o lucro mensal mínimo chega hoje a R$ 5 mil. A agenda do salão é disputada e Sousa só atende com hora marcada, inclusive até as 3h da madrugada.

“Paraisópolis não para. Qualquer hora que caminhar por aqui, encontrará um comércio aberto ou pessoas nas ruas em festa. Para ser comerciante aqui tem que acompanhar essa demanda”, diz em tom professoral.

Levantamento inédito do Fórum Nova Favela Brasileira, divulgado pelo Data Favela, revela que atualmente quatro em cada dez moradores de favela têm o sonho de abrir o próprio negócio. Segundo a maioria dos entrevistados (55%), o plano deve ser colocado em prática em até três anos nas comunidades brasileiras. Já 18% planeja a autonomia profissional para os próximos cinco anos.

“Quero gente trabalhando para mim!”

Esse perfil do novo morador de favela pode ser comprovado com uma caminhada pelas sinuosas ruas e infinitas vielas de Paraisópolis. A oferta de pontos comerciais e redes próprias de supermercados, farmácias e restaurantes revela como uma parcela consumidora marginalizada contornou a ausência das grandes nomes comerciais.
Para o cabeleireiro Sousa, o morador da periferia cansou de ser ignorado e decidiu agir. “Muitos aqui, como eu, observaram a deficiência e o que faltava para viver melhor. E nada melhor do que você não precisar sair da comunidade para ser bem atendido”, justifica. E continua: “Tem uma pessoa confiável ali que abriu o próprio negócio.”

O bom desempenho do salão não freou a ambição do piauiense, criado em Piripiri, a 165 km da capital Teresina. Nos próximos cinco anos, Sousa quer deixar a comunidade e voltar para sua cidade. “Aqui ganho muito bem, mas ainda não dá para ter funcionários”. O alto custo de vida de São Paulo impede Sousa de conquistar o seu maior sonho. “Quero gente trabalhando para mim!”

Fonte: iG

Redação

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