Economia

Brasil teve maior fatia de financiamento privado em infraestrutura da AL

O Brasil capturou cerca de 25% de todo o financiamento privado feito entre 2014 e 2018 em países da América Latina e Caribe no setor de infraestrutura.

É a maior fatia, seguida pelo México, que concentrou cerca de 21% desses recursos. É o que aponta estudo lançado nesta quinta-feira, 30, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), focado no cenário de infraestrutura da região.

A instituição afirma na publicação que os países latinos precisam melhorar a eficiência dos gastos no setor, com potencial de construir 35% mais ativos sem gastar mais com recursos públicos.

Alguns avanços já foram observados. De acordo com a instituição, até 2018, durante um período de dez anos, o Brasil registrou uma evolução de 17% na qualidade dos serviços de infraestrutura.

Outros países, no entanto, apresentaram números bem mais expressivos, como o Equador, com 64%, Bolívia, com 46%, e Nicarágua, com 43%.

Segundo o estudo, a média dos investimentos em infraestrutura na América Latina e Caribe – incluindo fontes públicas e privadas – foi de 2,8% do PIB ao por ano entre 2008 e 2017.

O número fica bem abaixo de outras economias emergentes, como no Leste da Ásia e Pacífico, cuja participação foi 5,7%, e no Oriente Médio e Norte da África, com 4,8%.

O BID aponta que, para “fechar essa lacuna”, é preciso aumentar tanto o investimento público quanto o privado no setor. Sobre o primeiro, a instituição destaca que devido as pressões fiscais atuais, tal expansão exigiria reformas “significativas para obter maior eficiência no gasto, bem como reformas fiscais em alguns países”.

A observação vai ao encontro do debate feito atualmente no Brasil sobre a retomada da economia pós-pandemia por meio de investimentos em infraestrutura. Como mostrou o Broadcast, lideranças do Congresso já se articulam para buscar uma alternativa para elevar a injeção de recursos no segmento neste e nos próximos anos. Essa disputa envolve tentativas de mudanças no teto de gastos.

Enquanto isso, o Executivo desenvolve um plano de recuperação social e econômica, o Pró-Brasil, que divide opiniões sobre quão relevante deve ser o investimento público em infraestrutura. De olho nas metas fiscais e na eficiência dos gastos, integrantes da equipe econômica defendem que são os recursos privados que levantarão a economia brasileira.

De acordo com o relatório, a América Latina tem sido pioneira na atração de participação privada em gestão e financiamento de infraestrutura. “Por exemplo, 70% dos passageiros aéreos (410 milhões de pessoas) usam aeroportos sob gestão privada. E 90% da carga de contêineres é manuseada por terminais portuários operados em regimes de parceria público-privada”, afirma. No Brasil, o governo Bolsonaro intensificou a agenda de concessões de serviços de infraestrutura para a iniciativa privada. Um dos exemplos é o setor aeroportuário. O objetivo é de que, até o fim de 2022, todos os aeroportos hoje administrados pela empresa pública Infraero sejam concedidos.

Para o BID, há espaço para o aumento do financiamento privado na infraestrutura por meio de fundos de pensão, fundos soberanos e outros tipos de investidores institucionais profissionais – modalidade que hoje apresenta baixa expressividade na região. “Trilhões de dólares estão disponíveis nesses fundos em todo o mundo, bem como em fundos de pensão locais. Parece uma proposta óbvia para aumentar a pequena porcentagem desse dinheiro institucional atualmente investido em infraestrutura”, afirma a instituição, segundo quem atualmente os bancos são os principais financiadores privados do setor.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26