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Brasil é campeão no quesito indisciplina em sala de aula

Na pesquisa sobre ensino e aprendizagem realizada em 34 países pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ficou em primeiro lugar em categorias nada honrosas, como indisciplina e mau comportamento dos alunos, além do tempo que o professor gasta para organizar sua classe.  

Enquanto em países como o Japão a indisciplina é problema relatado por apenas 13% dos professores, no Brasil mais de 60% dos educadores apontam lidar diariamente com o mau comportamento em sala de aula. O estudo da OCDE também revela que estudantes brasileiros gastam mais tempo copiando instruções do quadro-negro do que no Chile e em Cuba, e que, ao mesmo tempo, parecem estar visivelmente entediados na classe ou completamente desestimulados.

A pesquisa revela ainda que a qualificação e o número de anos de experiência do professor têm papel importante na capacidade do educador de planificar suas aulas, atrair a atenção dos alunos e manter a calma da classe.

No Brasil, os baixos salários e a falta de investimento e valorização da carreira de professor podem oferecer pistas do motivo pelo qual as aulas ainda não são capazes de engajar suficientemente os alunos, o que consequentemente aumenta a dispersão e indisciplina.

Quadro x smartphones. Para Thiago Miranda, 34, professor de filosofia na Escola Estadual Maestro Villa-Lobos, além da conversa paralela e das brincadeiras em sala de aula, os educadores hoje em dia têm que disputar a atenção dos alunos com um dispositivo que parece ser irresistível aos olhos e dedos dos adolescentes: os smartphones.

“Se você pensar pela perspectiva de um adolescente que tem o mundo nas mãos a partir da tela de seu celular, de fato, a escola é um ambiente muito chato. Nas salas cheias, quentes e sem ventilação, um adulto expõe conteúdos que, muitas vezes, os jovens não consideram relevantes de maneira vertical, tendo como único suporte um antiquado quadro-negro”, avalia o educador. “Com a internet, o mundo mudou, e a forma de aprender também. O problema é que a escola ainda não foi capaz de acompanhar essa transição”, reflete Thiago.

Desinteresse não está ligado à dificuldade de aprendizado

A indisciplina e o desinteresse não são exclusividade de alunos com dificuldade de aprendizado, segundo a pedagoga da Associação Terra da Sobriedade, Lisa Silva. “Muitas vezes, pelo contrário, observa-se alunos extremamente capazes com problemas em sala de aula. Esses podem ser decorrentes tanto de problemas pessoais quanto de um ritmo ou metodologia de ensino que não atende o aluno em questão”, afirma. Pedro Henrique Faria dos Santos de Paula, 19, conhecido nas rodas de rima como Pedro Chris, é um desses casos. Hoje poeta e rimador, Pedro tomou bomba na 5ª série do ensino fundamental e, aos 12 anos, abandonou a escola. Há dois anos, resolveu voltar a estudar. “Eu não gostava da escola, não via sentido naquilo. A explicação dos professores não me cativava. Foi fazendo rima na rua que eu aprendi a importância do estudo. Hoje em dia, como eu sou MC, a escola agrega muito. Gosto de sociologia, de filosofia e, até mesmo a matemática, de que eu não gosto, acaba acrescentando alguma coisa aos meus versos. Atualmente, eu busco conhecimento e vejo sentido em estar sentado em uma sala de aula”, relata o rapper.

Fonte: iG

Redação

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