O principal índice da bolsa paulista caiu mais de 2% nesta terça-feira (7) e fechou abaixo dos 73 mil pontos pela primeira vez em dois meses, pressionado por receios de que o governo não consiga aprovar uma proposta de reforma da Previdência e o potencial impacto sobre a nota de risco do Brasil.
O Ibovespa caiu 2,55%, a 72.414 pontos, no menor patamar desde 5 de setembro (72.150 pontos).
Já o dólar fechou em alta de 0,55%, vendido a R$ 3,277.
Os receios de que a reforma da Previdência pode ficar na gaveta cresceram após a reunião do presidente Michel Temer com aliados na noite de segunda-feira (6). Temer disse que o governo não desistiu da reforma, mas admitiu que há resistência política e que não poderá aprovar a mudança "sozinho".
"O mercado já trabalha com a hipótese de uma reforma mínima e ontem o presidente Temer fez um apelo aos parlamentares para que tentem votar pelo menos alguns pontos do projeto", escreveram os analistas da Citi Corretora em nota a clientes.
Entre os riscos da não aprovação das reformas está o de um novo rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação. “O receio é de que com o atraso nas reformas o país caía para o nível de junk”, disse ao "Valor Econômico" Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H.Commor DTVM.
Atualmente, a nota do Brasil está na mesma posição nas escalas das 3 principais agências de classificação de risco: dois degraus abaixo do grau de investimento. Desde 2015, o Brasil perdeu o selo de bom pagador.
Nos 4 primeiros pregões de novembro, o Ibovespa acumula queda de 2,55%. No ano, entretanto, o índice ainda registra alta de 20,23%
Segundo analistas, além da reação ao quadro político, a alta de mais de 20% acumulada no ano até outubro também abre espaço para um movimento de ajuste. "Tem o fator político pontual de hoje, mas nas últimas semanas o mercado também vinha sinalizando uma tendência de realização", disse à Reuters o analista da XP Investimentos Marco Saravalle, que ainda vê espaço, considerando os fundamentos das empresas, para alguma recuperação do índice até o fim do ano.
Destaques do dia
As ações da Localiza subiram 5,35%, liderando as altas do dia, após a empresa anunciar um lucro líquido recorde de R$ 139,5 milhões no terceiro trimestre, resultado 34,3% maior.
Na outra ponta, os papeis da Smiles caíram 5,38%, em reação aos dados do terceiro trimestre. A administradora de programa de fidelidade teve lucro de R$ 339,5 milhõesno período, com ganhos extraordinários de uma reestruturação societária, impulsionando o resultado e ofuscando o efeito da queda em dados operacionais devido a maiores despesas.
Entre os destaques de queda também estavam as ações da JBS, que caíram mais de 4% após a empresa anunciar que aderiu ao Refis com dívidas de R$ 4,2 bilhões.
Petrobras PN caiu 5,34% e Petrobras ON perdeu 4,59%, contaminado pelo mau humor predominante no mercado e em sessão negativa também para os preços do petróleo no mercado internacional.
Vale ON recuou 2,39%, após três pregões seguidos de ganhos, quando acumulou alta de 7%. Usiminas PNA perdeu 8,68%, Gerdau PN caiu 3,56% e CSN ON teve desvalorização de 4,29%.
Itaú Unibanco PN caiu 2,38% e Bradesco PN perdeu 3,05%, ajudando a pressionar o índice devido ao peso desses papéis em sua composição.
Última sessão
Na véspera, o Ibovespa subiu 0,53%, a 74.310 pontos. Na semana passada, o índice acumulou queda de 2,7%, o pior desempenho semanal desde meados de maio, quando o índice teve perda de mais de 8% na semana que agitou os mercados após a delação de executivos da JBS.