Cidades

Bombeiros registam doze ocorrência por dia na Grande Cuiabá

Reportagem Yuri Ramires

Falta de conscientização, irresponsabilidade e descaso são fatores que contribuem para o aumento dos focos de incêndio, especialmente em áreas abandonadas e sem cuidados. Na Baixada Cuiabana, por exemplo, em dois meses foram 741 ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros, que pediu a ajuda da população para diminuir os índices. 

Segundo o Comandante do Comando Regional 1 dos bombeiros, tenente-coronel Ruberval Alexandre de Barros, Cuiabá e Várzea Grande ainda são os dois municípios de Mato Grosso com o maior número de queimadas urbanas, a grande maioria, ocasionada por conta do descuido popular.

“Acontece que as duas cidades são as mais populosas do Estado, por isso esse índice. Tanto é que as prefeituras estão emitindo diversas multas por conta da irresponsabilidade”, disse Barros.

Foram 432 casos em Cuiabá e 309 em Várzea Grande. Nos bairros Pedra 90, Parque Cuiabá e Porto foi onde mais houve ocorrência nos últimos meses. No município vizinho, os bairros Jardim Glória I e II e o Mapim foram os mais atingidos pelo fogo. 

Sem falar em números, Ruberval disse que atualmente a estrutura do comando é suficiente para atender a demanda existente, mas precisam, ainda, contar com a ajuda dos municípios para dar apoio e suporte. 

“A gente tinha um convênio com as prefeituras, para a disponibilização de caminhão pipa, para ajudar na demanda. Ele foi cortado, mas assinamos novamente um Termo de Cooperação Técnica, para continuar atendendo com qualidade nesse período preocupante”, disse Barros.

Cuiabá deixou à disposição dos bombeiros alguns brigadistas que atuam na Defesa Civil da cidade, bem como um caminhão pipa de 700 litros de água para ajudar no combate. Em Várzea Grande, foram disponibilizados mais caminhões. 

Apesar da enorme demanda na Grande Cuiabá, o interior também tem algumas dezenas de focos, mas, por lá, segundo o comandante, o trabalho consegue ser mais rápido. “Como os municípios são pequenos, isso falando de queimadas urbanas, o controle é mais rápido e os bombeiros conseguem controlar a situação em menos tempo”, explicou.  No Estado, 23 veículos e duas aeronaves estão dando apoio aos trabalhos.

Os bombeiros estão presentes em 18 municípios, com efetivo de 1.086 homens. O governador Pedro Taques declarou que até o final do seu mandato deverá aumentar esse número e  atingir um número razoável de efetivo. 

Acontece que apara atender a demanda em Mato Grosso, são necessários mais 3 mil bombeiros. Neste ano, 147 novos soldados tomaram posse na instituição, o maior em dez anos, uma vez que de 2004 até 2014, apenas 84 pessoas entraram para a corporação. 

O coronel Julio Cezar Rodrigues, comandante do Batalhão no Estado, explicou que o novo efetivo foi distribuído em 16 dos 18 municípios onde há atuação dos bombeiros. “Hoje, o Corpo de Bombeiros está presente em 100% dos municípios com mais de 50 mil habitantes, que totalizam 10 cidades”, disse o comandante.

A meta é que o Corpo de Bombeiros esteja presente em mais 13 municípios, para completar 100% dos municípios com mais de 30 mil habitantes. “Nosso objetivo é que todas as unidades operacionais existentes tenham pelo menos 40 Bombeiros Militares, que é o ideal. E isso só será possível com a convocação de todo o cadastro de reserva do último concurso público.”, explicou. 

Dos últimos investimentos, chegou uma viatura auto tanque, com capacidade para 30 mil litros de água, que já pode ser vista atuando em Cuiabá. A intenção agora é adquirir mais nove viaturas Auto Bomba Tanque, que faz parte do planejamento de renovação da frota. 

Pelo Projeto Fundo Amazônica, foram adquiridas duas aeronaves para combater incêndios florestais, cinco viaturas Auto Bomba Tanque Florestal, seis caminhonetes modelo L 200 e um caminhão para transporte de combustível da aeronave. “Já estamos utilizando esses equipamentos na temporada de incêndios florestais em Mato Grosso”.

CUIABÁ EM ALERTA

Nos dois últimos meses, fiscais da Prefeitura de Cuiabá emitiram 168 multas decorrentes a incêndios em terrenos na zona urbana da Capital. A arrecadação final não foi divulgada pelo município.

A fiscalização da prefeitura mirou, antes do período estadual de proibição, na limpeza dos terrenos baldios e abandonados, com intuito de fazer com que o local deixe de ser um possível foco de queimadas. Alguns se adequaram; outros, não.

A Secretaria de Ordem Publica informou que as multas são consequência do descuido da população. “Se houve multa é porque o local já foi fiscalizado antes, houve a notificação antes e como nada foi feito, aplicaram a multa”, disse Noelson Silva Dias, secretário-adjunto de Fiscalização de Ordem Pública.

O risco de incêndio é maior quando não há limpeza. Se o local multado por incêndio volta a pegar fogo, o valor da multa é dobrado. Vale ressaltar que os valores vão de acordo com o tamanho do terreno, indo de R$ 700 até R$ 1.500. 

Lembrando que, dentro do perímetro urbano, queimadas são proibidas todos os dias do ano. “Pouca gente entende isso, e acaba colocando fogo como uma forma de limpar o próprio terreno, mas não é assim que funciona”, finalizou o adjunto. 

O comandante Barros explicou que a população precisa trabalhar aliada com o Corpo de Bombeiros. O primeiro ponto é quanto à limpeza dos terrenos e áreas com potencial de risco.

“Os terrenos precisam sem limpos com frequência, tirar todo o mato, lixo. Não precisa tirar toda a vegetação, mas manter de uma forma que não oferte riscos. Outra coisa, não pode queimar para ajudar na limpeza”, lembrou.

QUESTÃO DE SAÚDE

O clima seco também traz preocupações com a saúde. A umidade relativa do ar foi uma vilã da população nos últimos dias, atingindo uma média entre 10% e 15%, que é semelhante à umidade do deserto do Saara, por exemplo. 

Neste final de semana a chuva deu alento aos cuiabanos e várzea-grandenses, mas ainda precisa chover muito para regularizar os termômetros e aumentar a umidade.

No mês passado, alguns dias marcaram índices de 12% de umidade no meio da tarde, colocando a capital em estado de alerta. A baixa umidade está ligada à alta da temperatura, por isso todo cuidado é pouco. 

A Defesa Civil explicou que é preciso rever práticas de atividades físicas, especialmente em ambientes fechados e quentes. Beber bastante líquido, de preferência água, e manter uma alimentação leve também estão entre os cuidados. 

Confira detalhes da reportagem do Jornal Circuito Mato Grosso

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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