O desabamento total do prédio de dois pavimentos ocorreu por volta das 8h30. A estimativa é que mais de 35 pessoas estavam na obra no momento do acidente.
Até o início da manhã desta quarta-feira (28), os bombeiros procuravam ainda por duas pessoas desaparecidas. Segundo o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, equipes trabalham em pontos com indícios de vítimas. Segundo ele, uma betoneira que tinha cimento fresco pode indicar que trabalhadores estavam naquele ponto. Além disso, os outros dois pontos foram definidos com indicações dos cães farejadores.
Por volta das 6h15, uma máquina retroescavadeira era usada para retirar os escombros e facilitar o trabalho dos bombeiros. Segundo o tenente coronel Adilsvon Silva, do Corpo de Bombeiros, a máquina trabalha na parte da frente do terreno, onde não há mais possibilidade de vítimas. As tentativas de localizar os dois desaparecidos se concentram mais ao meio da área, onde houve o colapso da estrutura. A corporação usa ferramentas para retirar os escombros, num "trabalho manual, com equipamentos manuais", explicou Silva em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
Segundo o comandante Reginal Repulho, do Corpo de Bombeiros, existem vãos entre os escombros que permitem aos dois desaparecidos continuar respirando – a corporação acredita poder resgatá-los com vida. Repulho informou ainda que pode haver mais vítimas entre os escombros que não foram reclamadas por seus parentes. Segundo ele, muitos dos trabalhadores da obra vieram de outros estados e moravam sozinhas em São Paulo.
O ponto iria receber uma unidade da rede Torra Torra, que comercializa roupas populares e produtos da linha de cama, mesa e banho. Segundo o advogado Edilson Carlos dos Santos, as mudanças feitas no imóvel durante as obras não foram comunicadas ao dono, o empresário Mostafa Abdallah Mustafa.
O secretário das Subprefeituras, Chico Macena, esteve no local nesta terça-feira e disse que houve fiscalização. “Para nós era uma obra embargada pela Prefeitura. Portanto, irregular do ponto de vista da execução”, disse.
O secretário rebateu as críticas de uma suposta falta de acompanhamento da administração municipal. “Mesmo que a obra fosse liberada, toda responsabilidade técnica de execução é do proprietário e do engenheiro civil responsável”, disse Macena.
Em nota, a Prefeitura explicou que o responsável não apresentou pedido de Alvará de Execução. "De acordo com o Código de Obras, a obra só poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade do proprietário e profissionais envolvidos e estaria sujeita a adequações ou até demolição", informou a Prefeitura.
Segundo a administração municipal, a Subprefeitura de São Mateus emitiu um auto de intimação e um auto de multa por falta de documentação no local da obra no dia 13 de março deste ano. Os proprietários foram multados em R$ 1.159. No dia 25 do mesmo mês, a subprefeitura emitiu uma outra multa pelo não cumprimento da primeira intimação, no valor de R$ 103.500, além de um auto de embargo.
Reforma
Em nota, o Magazine Torra Torra informou que o imóvel não era de propriedade da rede. Segundo a empresa, havia um contrato de locação do prédio e a rede só assumiria o imóvel após serem finalizadas as obras estruturais pelo proprietário, a Jamf Empreendimentos Agrícolas Ltda..
"O Magazine Torra Torra não tem nenhuma responsabilidade sobre a parte de engenharia civil. No momento, uma empresa de engenharia contratada pelo Magazine Torra Torra realizava uma avaliação sobre as condições de uso do prédio. Caso esse laudo técnico fosse positivo, atestando a segurança estrutural, a rede então faria o acabamento para abrigar mais uma unidade. Ressalte-se que o Torra Torra somente entraria com a loja no local, com esse aval técnico. Este é um cuidado que o Magazine Torra Torra toma em todas as lojas da rede, devidamente avaliadas quanto à segurança estrutural, de acordo com engenheiros, para receber nossos empreendimentos", informa o texto.
Casas e pelo menos três carros que estavam nas ruas em volta do prédio foram atingidos pelo concreto que cedeu.
De acordo com o capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, a obra começou há três meses – a laje tem cerca de 400 metros quadrados.
A obra deverá passar por perícia da Polícia Técnico-Científica para apurar as causas do desabamento. Segundo o major Anderson Lima, dos bombeiros, nenhuma das vítimas resgatadas relatou ter ouvido uma explosão ou cheiro de gás natural. Elas afirmam que houve um colapso estrutural.
Equipes da Comgás, da Eletropaulo e da Sabesp davam suporte a toda a operação no local do acidente.
O Ministério Público e o 49º Distrito Policial, em São Mateus, irão investigar as causas do acidentes e apontar eventuais responsáveis.
G1