Economia

Bolsonaro adiou novo Bolsa Família porque R$ 247 foi considerado pouco

O presidente Jair Bolsonaro considerou insuficiente o valor médio de R$ 247 mensais proposto pela equipe econômica para os beneficiários do programa Renda Brasil, ampliação do Bolsa Família que é uma das principais apostas do governo na área social. De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a quantia a ser paga é “um dos vários aspectos” que serão reavaliados a pedido do presidente, que se reuniu na segunda-feira, 24, com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O desenho foi antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo, assim como o valor médio do benefício, informado por Guedes a parlamentares com quem se reuniu no fim de semana.

O novo programa social do governo prevê três “atos” ao longo da sua implantação: 1) transferência de renda com o fim do auxílio emergencial de R$ 600 e transição para o Renda Brasil; 2) um novo programa de emprego, batizado de Carteira Verde Amarela, que promete baratear a contratação dos contemplados do programa e prevê um complemento de renda numa espécie de “imposto negativo”; e 3) a desoneração da folha de salários (redução nos encargos que as empresas pagam sobre salários).

Para bancar o custo de R$ 52 bilhões do Renda Brasil, Guedes propõe a extinção de programas considerados ineficientes, como o abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos), o seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes), salário-família (pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para o INSS, de acordo com a quantidade de filhos) e Farmácia Popular.

Nesta terça-feira, o governo apresentou apenas o programa Casa Verde Amarela, uma reformulação do Minha Casa, Minha Vida, dentro do pacote Pró-Brasil, como um dos “projetos prioritários para a geração de empregos” e para a retomada da economia.

Foi anunciada a redução dos juros cobrados nos financiamentos habitacionais, principalmente para as regiões Norte e Nordeste. Pelas projeções oficiais, a medida pode beneficiar 1 milhão de pessoas.

Enquanto isso, o presidente e sua equipe ganham mais tempo para aperfeiçoar os outros projetos. O pacote prevê, além do Renda Brasil, tirar “amarras” do Orçamento e um Pró-Brasil enxuto em recursos públicos, mais focado em marcos regulatórios para atrair a iniciativa privada.

A decisão de fatiar os anúncios também permite maior visibilidade às medidas, já que o Planalto deve realizar uma série de eventos públicos considerados positivos para a imagem do presidente Bolsonaro.

Empolgado com os efeitos do auxílio emergencial na sua popularidade, Bolsonaro vê no Renda Brasil uma oportunidade de viabilizar a reeleição.

Redação

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