Cultura

Bolívar em seus mundos Paralelos

 O matogrossense Bolívar Figueiredo completa 40 anos de pintura. Na sua trilha pela arte, trabalhou em Brasília,Cuiabá, Florianópolis, Ilhabela, e Chapada dos Guimarães. Reside há  9 anos em Francisco Beltrão.

Ao entrarmos na residência de Bolívar Figueiredo  temos o primeiro impacto com o universo das cores e formas. Como romper um portal e passar a fazer parte de seu mundo mágico, incorporando um personagem de sua pintura.

 Durante o auge da pandemia, entre os anos de 2019 e 2021, o artista transformou seu apartamento em um atelier,  onde quadros, esculturas, desenhos, cavaletes e tintas estão espalhados  por todo o espaço, nem as paredes e seus móveis escaparam da fúria de seus desenhos e cores. Um museu de seus 40 anos dedicados as artes plásticas.

Bolívar é autodidata iniciando na pintura nos anos 1980 em Brasília, cidade onde morou por 33 anos, quando se formou em jornalismo e paralelamente militando no movimento ambientalista.

 Neste período participa do Salão Universitário de Brasília, quando recebe o premio aquisição, com apresentação de quadros pintados em discos de vinil e na oportunidade recebe o convite para participar do atelier livre da UNB. Nos anos 80, ele participa também do  Levante do Centro Oeste – movimento artístico pela preservação do cerrado e realiza sua primeira Exposição individual na faculdade UPIS, em Brasília.

Em sua trilha artística, nos anos 1990 e 2000, ele inseriu em suas obras novos elementos, mais filosóficos com o amadurecimento de sua técnica  e questionamentos. Período que surgem as séries: Quintessência e Sutil Cerrado,  concluídas em seu estado do Matogrosso, onde realizou exposições e recebeu varias premiações, o que valeu a entrada de sua obras no acervo cultural de Cuiabá e do Estado, além do acervo particular do SESC, Associação Cuiabana de Artes.

“Em sua obra Bolívar  revela  a diversidade de texturas, das tessituras, das padronagens , sabotando a forma acomodada do ver, dando visibilidade ao mundo sutil.”  Destaca Ludmila Brandão- coordenadora de pós graduação em estudos de Cultura contemporânea.

 Marília Beatriz,  critica de arte e mestre em semiótica, no ano de 2007, escreveu sobre as obras de Bolivar. “Um artista que reza  pela cartilha de um texto sonhador e lúdico em oposição arcaica natureza-cultura. E é nesta moldura  que ele traça encantadores contos em sua obra encantada.”

Nos anos 90, o paisagista renomado e também pintor Burle Max, do qual segundo Bolívar desfrutaram de uma amizade etílica e plástica tanto no Rio de Janeiro como em Brasília, “Me disse uma vez  com ironia sobre meu trabalho, foque mais nas cores do que na forma, afinal somos pintores apenas”.

 A cantora Beltronense Anna Gerber que acompanha o trabalho do pintor, destaca: “Desde o primeiro contato que tive com as obras de Bolívar, me encantei pela explosões de cores e a sutileza dos detalhes que me conquistaram de corpo e alma, uma obra para ser sentida, e sempre resgatando detalhes escondidos entre a forma e cores.”

“Na Pane Minha” Beltronense

Durante os anos pandêmicos, já residindo em Francisco Beltrão, Bolívar Figueiredo absorve em suas telas o momento de incertezas e questionamento sobre a vida. Durante o isolamento social, que segundo ele faz parte de sua conduta há anos, mais de 40 telas são pintadas, além de esculturas e objetos. “momentos como estes são impactantes na obra de artistas, pois pelo filtro da arte, registramos o momento que vivemos, afinal um quadro é um truque mágico que a vida nos permite fazer apenas uma vez”, dispara.

Assim surgem em suas telas novos elementos como anjos, animais míticos, o mundo sutil dos elementares, alem de Óvnis e Ets,  cidades do mundo espiritual, civilizações extintas e a simbiose entre o céu e a terra. “Neste período da pandemia não quis retratar a dor e o sofrimento, pois já eram visíveis no dia a dia, então na proposta da esperança e de fé, retratei o mundo espiritual, a natureza e os elementos sutis do universo”, destaca o pintor.

Bolívar reside em Francisco Beltrão há 9 anos, onde se dedica exclusivamente ao oficio de pintar. “O estado do Paraná faz parte de minha vida. “fui criado na infância na cidade de Curitiba, no bairro do  Bacacheri, onde freqüentei a primeira escola Montessori do Estado,assim começou meu amor pela arte”.

“Hoje entendo que minha linguagem pictórica esta mais compreendida, pois com advento dos drones e imagens de poderosos  telescópios e satélites, o ser humanos esta ampliando o se enxergar vendo as coisas literalmente de outro modo e ângulos, ampliando a leitura das cores, e outras realidades e  dimensões, principalmente do nosso macro e  micro universo.” Reflete ele.

Bolívar prepara  um farto material para exposições , em Curitiba e Florianópolis e conclui ironicamente, “a trilha continua.” . Toda sua obra esta sendo comercializada em seu atelier.  Email: bolivarfigueiredo47@gmail.com

 

Artes plásticas – currículo

Bolívar Figueiredo -61 anos, mato-grossense, jornalista e pintor autodidata. Iniciou na pintura na década de 80, em Brasília, onde realizou em 1984 a primeira exposição individual na UPIS – Universidade União Pioneira Sociais.

 

Participa em 1985 do Salão Marinas – do Ministério da Marinha, onde é premiado com a medalha de bronze.

Em 1986 participa do Salão Universitário de Brasília – UNB, recebendo o premio de aquisição.

No final da década de 80, passa a integrar o movimento ambientalista do DF, e publica desenhos em jornais alternativos, com destaques para  Jornal Viva Alternativa e Grupos Multimídias:  Esquadrão da Vida e Arca de Néon.

Participa dos movimentos culturais: Artistas pela Natureza e Levante do Cerrado. Década de 90, nos estados do DF, MT, GO, MS, RJ e SP

Participa de palestras e cursos de artes visuais, com artistas tais como: Ari Pararraios (DF), Bené Fontelles (MT), Adir Sodré ( MT), Carlos Scliar (RS), Siron Franco(GO), Burle Marx(RJ), Michel Ende (DF) e José Roberto Aguilar(SP). Participa do Salão de Brasília e etapa do Centro Oeste – do Salão Nacional de Artes Plástica em 1985.

 

Cursos:

História da Arte – No Centro de Ensino Unificado de Brasília

Composição e Cores.

Artes Gráficas e composição.

 Reciclagem de material

 E Cinema

 

Na década de 90 após sete anos de recesso*, expõe um 1997 na Fundação Cultural de Ilhabela-SP, onde passa a residir até 2006.  Realiza experiências com Texturas, cores e reciclagem de material que passam a integrar suas obras.

Em 2005 idealiza  a série “Quintessência” iniciada na cidade de Ilhabela (SP) e concluída em Florianópolis em setembro de 2006.

Em Maio de 2007 expõe na Galeria da Fundação Cultural da Cidade de Cuiabá (MT).

No mês de junho de 2007 instala o Túnel dos Sentidos, oficina de sensibilização, para o Festival Guará de Cinema Ambiental, realizado na UFMT, em Cuiabá.

Expõe no espaço cultural do Tom Choppin, em junho de 2007, na cidade de Cuiabá (MT).

Participa do VI Salão Livre da ACUBÁ, em Cuiabá de 08 a 31 de agosto de 2007. Premiado com Menção Honrosa.

Recebe o  premio estímulo no XXIV Salão Jovem Arte Matogrossense 2007  e passa a integrar o acervo estadual de cultura.

Abre a temporada 2008 de Exposições da galeria do SESC Arsenal, em Cuiabá, com a Exposição Sutil Cerrado, de janeiro e fevereiro de 2008

 

* O recesso da pintura por alguns anos deu-se em função da dedicação exclusiva ao movimento ambientalista com a criação das ONG´s antinucleares – Movimento Terra (DF) e Da Associação das Vítimas do Césio (GO), após o acidente ocorrido em Goiânia (87). E a criação do jornal  “Viva Alternativa” – porta voz das entidades ambientalista que participaram do encontro paralelo da Eco-92, realizado na cidade do Rio de Janeiro.

    

Redação

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