Foto Carlos Barria/ Reuters
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu nesta quarta-feira (2) manter as taxas de juros do país entre 0,25% e 0,50%, à espera de "mais evidências" sobre a recuperação da maior economia do mundo.
Em seu comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) afirmou, entretanto, que os fundamentos para uma alta nos juros continuaram a se fortalecer, sinalizou mais fortemente para a possibilidade de uma elevação em dezembro – exatamente um ano depois que o Fed subiu a taxa pela primeira vez em 8 anos.
"O comitê julga que a hipótese de um aumento na taxa dos fundos federais continuou a se fortalecer, mas decidiu, por enquanto, esperar por mais evidências de progresso contínuo em direção a seus objetivos", disse o Fed;
A decisão do Fed veio em linha com as expectativas. Apesar dos sinais de melhora na maior economia do mundo, a maioria dos analistas e operadores do mercado não contavam com um aumento dos juros neste momento, a uma semana da eleição presidencial dos Estados Unidos.
O comitê de definição da taxa de juros do Fed disse que a economia se fortaleceu e que os ganhos de emprego continuaram sólidos. Os formuladores de política da autoridade monetária também expressaram mais otimismo de que a inflação está se movendo na direção da sua meta de 2%.
A votação pela permanência das taxas teve com oito votos a favor e dois contra, os das presidentes do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mesner, e do de Kansas City, Esther George, que defenderam uma alta moderada das taxas.
Eleições nos EUA
O comunicado do Fed não fez menção alguma às eleições presidenciais de 8 de novembro, mas analistas já vinham destacando que aumentar os juros tão perto da eleição poderia expor o Fed a uma controvérsia desnecessária. Também seria um algo que não é feito desde a década dos anos 1980, segundo a agência France Presse.
O mercado tem se preparado há meses para um cenário de alta dos juros em dezembro. A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 13 e 14 de dezembro.
Última elevação
O Fed subiu as taxas pela última vez em dezembro do ano passado, a primeira alta em quase uma década. Desde então as taxas tem sido mantidas entre 0,25% a 0,50%.
A taxa básica de juros dos EUA (equivalente à Selic brasileira) era mantida no piso histórico desde o final de 2008, quando foi reduzida a pamateres próximos a zero para dar fôlego à economia norte-americana durante a crise financeira internacional.
Impacto no Brasil
Taxas de juros próximas de zero nos Estados Unidos, Europa e no Japão tendem a fazer com que investidores busquem ativos de maior rentabilidade e costumam garantir um fluxo maior de capital estrangeiro para países emergentes como o Brasil.
Com uma taxa de juros básicos em 14% ao ano, o país segue na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), com uma taxa de 8,49% ao ano – espécie de termômetro do retorno oferecido a detentores de títulos do Tesouro.
Em tese, juros mais altos nos EUA poderiam atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados atualmente em outros mercados, motivando assim uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 1,61% ante o real, vendido a R$ 3,2412.
Fonte: G1