Mesmo em seu menor patamar da história, a taxa básica de juros (Selic, hoje em 6,5% ao ano) não está oferecendo estímulos à economia e poderia ser baixada já pelo Banco Central (BC). A avaliação é do economista Sérgio Werlang, ex-diretor do Banco Central (BC) e assessor da Fundação Getulio Vargas (FGV). Werlang defendeu dois cortes de 0,50 ponto, levando a Selic a 5,5% ainda este ano.
Questionado, Werlang disse que não há necessidade de esperar o avanço da tramitação da proposta de emenda constitucional (PEC) de reforma da Previdência para fazer os cortes nos juros.
“Não precisa esperar. Hoje, os 6,5% estão acima do nível de equilíbrio”, afirmou o ex-diretor do BC a jornalistas, após dar palestra em seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e pelo jornal Valor Econômico, no Rio.
Segundo Werlang, o fato de o nível atual da Selic estar acima da taxa de equilíbrio e, portanto, sem produzir estímulos na economia, é um movimento de curto prazo. Não significa, necessariamente, que a taxa de juro neutra tenha se reduzido estruturalmente.
Ainda assim, Werlang acha que o corte deve ser feito. Para o economista, o cenário de inflação comporta a redução. O risco principal para a dinâmica de preços é o comportamento do câmbio, mas a elevada ociosidade pode limitar os efeitos secundários de uma alta do dólar. Se, mais à frente, for necessário voltar a subir os juros, não há nenhum problema, pois “faz parte do sistema de metas” para a inflação, disse Werlang.