Economia

Banco Central vai estudar emissão de moeda digital no Brasil

O Banco Central (BC) anunciou nesta quinta-feira que vai criar um grupo de estudo para investigar os impactos de uma eventual criação de uma moeda digital no Brasil.

Na nota, o BC aponta que a emissão de moeda digital por bancos centrais (CBDC – central bank digital currency – em inglês) pode “ser uma possibilidade para aprimorar o modelo vigente das transações comerciais entre as pessoas e mesmo entre países”. Um dos objetivos do grupo é propor um modelo de emissão de moeda digital, com identificação de riscos, segurança e proteção dos dados.

O grupo também deve levar em conta os impactos de uma moeda digital na inclusão e na estabilidade financeira do país, além de possíveis efeitos na política monetária e na econômica.

“O BC pretende investigar os alcances de uma CBDC, assim como os benefícios para a sociedade, considerando as especificidades e os desafios do contexto nacional. A iniciativa avaliará, também, como uma moeda eletrônica pode trazer benefícios complementares aos que estão sendo introduzidos com a implantação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, que começa a funcionar em novembro”.

Em uma transmissão ao vivo sobre o Pix nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o órgão enxerga um mundo mais digitalizado no futuro e citou a possibilidade dessa moeda digital.

— Nós vemos daqui para frente a união de uma forma da pagamento instantânea e aberta, interoperável, com sistema de dados aberto, junto com uma moeda que tem que ser aperfeiçoada. A gente tem um projeto de simplificação dos processos de fechamento de câmbio que vão culminar em uma moeda conversível. Lá na frente a gente enxerga um mundo mais digitalizado, inclusive com uma moeda digital.

O Banco Central ressalta que uma moeda digital emitida por um banco central é diferente de uma criptomoeda, como o bitcoin. Segundo a autoridade monetária, a moeda digital é apenas uma nova forma de representação do Real, em contraste com criptomoedas, que não têm garantias de um país.

“Essa nova forma de moeda pode provocar mudanças substanciais no Sistema Financeiro Nacional. Dessa forma, o estudo irá comparar os potenciais benefícios de uma CBDC no aprimoramento do bem-estar e na preservação da cidadania financeira de sua sociedade com os riscos inerentes dessa nova forma de pagamento”.

Após a explosão de popularidade do bitcoin e de outras criptomoedas nos últimos anos, os bancos centrais ao redor do mundo decidiram olhar para essa questão com mais atenção.

A facilidade da moeda virtual de cumprir alguns papéis clássicos da moeda comum, como ser reserva de valor e meio de troca, levantou um receio nos BCs. Esses órgãos detém o monopólio da emissão de moeda e temem perder função com o crescimento de uma moeda nova que não tem emissor único.

Na mesma reunião sobre o Pix, Campos Neto disse que as criptomoedas apareceram porque os bancos centrais “com todo seu preciosismo” não entenderam a demanda da população.

— Se houvesse um meio de pagamento com as cinco características que mencionei, barato, rápido, seguro, transparente e aberto, você provavelmente não teria demanda de criptomoedas. A demanda é de ter um agente capaz de conectar os pagamentos com essas características.

Redação

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