O recém-nascido pesa pouco mais de 30 gramas e está sob cuidados humanos, sendo alimentado a cada duas horas
Um marco histórico reacendeu a esperança pela sobrevivência da ararinha-azul, espécie endêmica da Caatinga baiana considerada extinta na natureza desde os anos 2000 no Brasil.
No dia 21 de setembro, o zoológico Pairi Daiza, na Bélgica, anunciou o nascimento do primeiro filhote da ave em seu Centro de Conservação de Espécies de Aves Ameaçadas.
“Após 100 ovos não fertilizados, o 101º deu vida a uma imensa esperança”, celebrou a instituição nas redes sociais. O recém-nascido pesa pouco mais de 30 gramas, o dobro do registrado no nascimento, quando tinha apenas 13 gramas, e segue sob cuidados humanos, sendo alimentado a cada duas horas.
“Seus primeiros dias permanecem extremamente frágeis: cada cuidado, cada gesto conta para lhe dar todas as chances de sobrevivência”, reforçou a equipe.
Após 100 ovos não fertilizados, o 101º filhote nasceu – Foto: Divulgação/Pairi Daiza/ND
O Pairi Daiza integra o programa internacional de conservação da Cyanopsitta spixii, coordenado pelo governo brasileiro. Além do centro belga, a iniciativa conta desde 2023 com uma base no Zoológico de São Paulo, voltada ao manejo e reprodução da espécie.
Clima tenso após intoxicação de ararinha-azul com circovírus
A boa notícia surge em meio a um cenário delicado. No fim de julho, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) revelou um surto de circovírus no Refúgio de Vida Silvestre de Curaçá, na Bahia, onde ocorre o projeto de reintrodução da espécie.
A doença, conhecida como PBFD, afeta psitacídeos, é altamente contagiosa e pode ser fatal. Trata-se do primeiro registro da enfermidade em aves de vida livre no Brasil.
Diante do risco, o ICMBio recomendou a captura dos indivíduos soltos pela Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), criadouro alemão que até 2023 era parceiro oficial do governo brasileiro.
A entidade, no entanto, recusou-se a atender a orientação e passou a criticar publicamente o órgão brasileiro, alegando que as aves foram contaminadas já em território nacional.
Apesar das tensões, o nascimento do filhote na Bélgica simboliza um fôlego novo para a espécie. A expectativa é que, com o fortalecimento das iniciativas de reprodução e conservação, a ararinha-azul possa consolidar sua volta definitiva aos céus da Caatinga.
Foto Capa: Reprodução/ND
Fonte: https://ndmais.com.br